A importância da meritocracia

Como professor e palestrante, assim como muitos colegas, o que mais prezamos na Odontologia é que os cirurgiões-dentistas invistam na educação continuada. Nosso papel nas escolas e nas plataformas virtuais é estimular que os nossos colegas clínicos saiam um pouco das quatro paredes dos consultórios para estudar e se reinventar. A VMCom, através de seus eventos e revistas científicas, também executa este papel brilhantemente. E, assim, todos nós tentamos contribuir de alguma forma, para que o nível dos cirurgiões-dentistas brasileiros se mantenha alto, tendo como maior beneficiário os pacientes que recebem os nossos tratamentos.

Independentemente da técnica que estamos ensinando, nossa essência de formadores de opinião e conceitos é de que se você não investir na sua profissão, você vai ficar obsoleto e será ultrapassado por aqueles que estão continuamente estudando e desenvolvendo novas técnicas. O estudo e o conhecimento são as ferramentas essenciais para que você possa crescer profissionalmente. É o benefício do mérito na sua mais simples concepção: se você estuda e trabalha duro, você alcança o sucesso. Simples assim.

Infelizmente, no Brasil, alguns dos modelos contrariam fortemente esta lógica. O famigerado presidencialismo de coalizão está em cena e a lógica da meritocracia está sendo esquecida. Para você alcançar um alto posto, você deveria ser o top da sua categoria. Só que não. Na verdade, atualmente, para você alcançar um cargo importante, você só precisa ser amigo do rei. Basta ser amigo do amigo e jurar uma fidelidade cega ao seu comandante, que você facilmente chegará aos mais altos postos.

Enquanto nós, mortais, nos matamos fazendo especializações, mestrados, doutorados e aperfeiçoamentos, os amigos do rei ingressam nos mais altos cargos com muito pouco preparo. Esta ausência de meritocracia se alastra por vários setores do judiciário, legislativo e executivo. Ela não nasceu agora no Brasil e vem se arrastando por décadas, sendo mantida pelo sistema, que não tem nenhum interesse em mudar tal dissonância. Tivemos algumas mudanças nesses padrões, mas foram pequenos hiatos. Desta forma, muitos de nós, professores, promotores de justiça, juízes, profissionais da saúde, profissionais liberais e concursados que, a duras penas, conseguiram crescer profissionalmente, observamos pasmos a ascensão meteórica de incompetentes sem mérito algum.

Enquanto caminharmos sob esta ótica, estaremos empurrando a nossa juventude para um precipício mortal, que vai cada vez mais criar derrotados e apadrinhados, que tem como único objetivo abocanhar algum cargo oriundo de indicações e nunca de merecimento. Os mais prejudicados da nação serão sempre aqueles que necessitam dos serviços desses profissionais, que deveriam estar muito bem preparados, para resolver os diversos problemas que a população em geral enfrenta, seja de saúde, educação, jurídico ou familiar.

Cabe a nós continuarmos a insistir na valorização da meritocracia, exatamente como faz a VMCom aqui neste espaço, nas suas revistas e eventos. Nossos alunos e filhos devem entender que o único caminho da prosperidade honesta é pelo conhecimento. Ser amigo do amigo pode até trazer dinheiro para a sua conta, mas trará junto um sono intranquilo, com sentimento de culpa e muita vergonha. Estas sensações tendem a aumentar, especialmente quando se atinge uma idade mais avançada e se olha para trás e só o que se vê é um rastro de podridão, falta de caráter, ganância e infelicidade.

“Quanto ao fraudulento, os seus projetos são maus. Ele planeja intrigas para, com palavras mentirosas, arruinar os necessitados, mesmo quando a causa dos pobres é justa. Mas o nobre projeta coisas nobres e pela sua nobreza se mantém em pé.” (Isaías 32:7,8)

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