No momento que esta nossa coluna de hoje estiver sendo publicada, eu vou estar palestrando no Meeting da Implacil-Osstem, que irá se realizar nos dias 23 e 24 de maio, no Centro de convenções Rebouças, em São Paulo. A minha palestra será sobre a avaliação do comportamento dos implantes no longo prazo (acima de dez anos). Buscar o sucesso clínico e radiográfico dos nossos implantes é um desafio constante e o grande dilema é: será que o que eu estou fazendo hoje vai se comportar bem nos próximos dez ou 20 anos?
Para podermos ter alguma certeza de que os nossos implantes irão se comportar bem, precisamos olhar para trás e avaliar os nossos casos mais antigos. Como estão estes nossos implantes com mais de 10 anos em função? Para melhor discutirmos este tópico, vamos demonstrar aqui o comportamento de dois implantes (um hexágono externo e outro cone morse), realizados lado a lado, nos elementos 11 e 21, mas em tempos diferentes. Observe as figuras 1 a 3.
Este caso clínico, com acompanhamento de longo prazo, traz uma importante reflexão para nós, pois o comportamento de ambos os implantes está bastante satisfatório, tanto no aspecto clínico, quanto no aspecto radiográfico. “Como pode isso, Arnaldo?”. Implantes de plataforma hexagonal externa se comportando de maneira semelhante a implantes cone morse? Os hexágonos externos não acabam por perder osso no longo prazo? Os implantes cone morse não seriam a escolha padrão ouro para estas situações?
É óbvio que nos dias de hoje devemos priorizar implantes cone morse ou cônicos para regiões estéticas. Os resultados apresentados com este tipo de implante são extremamente favoráveis, com um número relativamente mais baixo de insucessos, desde que se siga corretamente os protocolos de colocação de implantes cone morse, que são bem diferentes dos hexágonos externos. Contudo, não se pode desprezar o fato de que muitos implantes com plataformas hexagonais, sejam elas externas ou internas, feitos nos primórdios da implantodontia, continuam se comportando muito bem no longo prazo.
As inovações tecnológicas estão levando a Implantodontia a remoção de implantes que tem, no geral, um comportamento satisfatório, sob a justificativa de que os implantes, ditos mais modernos, terão maior durabilidade e um resultado estético muito superior. Cabe a nós dentistas utilizarmos o bom senso na hora de refazer tratamentos antigos. Substituir implantes e próteses deve ser uma decisão compartilhada entre nós e os pacientes a fim de não realizarmos novos procedimentos desnecessários.
“Não deixes que os perseguidos sejam humilhados, mas permite que os pobres e os necessitados te louvem. Levanta-te, ó Deus, e defende a tua causa! Lembra que gente sem juízo zomba de ti o dia todo. Não esqueças os gritos de raiva dos teus inimigos e nem do barulho constante dos teus adversários.” (Salmos 74:21-23)
Marco Bianchini
Professor titular das disciplinas de Periodontia e Implantodontia do Departamento de Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); autor dos livros “O Passo a Passo Cirúrgico na Implantodontia” e “Diagnóstico e Tratamento das Alterações Peri-Implantares”.
Contato: bian07@yahoo.com.br | Instagram: @marcoaureliobianchini | @bianchini_odontologia