Cicatrização da área doadora de enxertos de tecidos moles

Os enxertos de tecidos moles são indicados para aumentar a espessura do tecido, restabelecendo uma adequada largura do tecido queratinizado, corrigindo deformidades mucogengivais e melhorando a estética dos dentes e implantes dentários. Apesar da introdução de materiais alternativos para reduzir a morbidade dos pacientes, os enxertos autógenos de tecido mole continuam sendo o padrão ouro para cirurgias plásticas periodontais e peri-implantares. Na literatura, são descritas diversas técnicas para a obtenção desses enxertos, utilizando diferentes áreas doadoras, com o palato sendo a região mais comumente utilizada. Os enxertos de tecido mole do palato podem ser do tipo gengival livre (epitelizados ou desepitilizados) ou de tecido conjuntivo.

A morbidade dos pacientes tem sido apontada como uma das principais deficiências do enxerto autógeno de tecidos moles. Após coletar o enxerto gengival livre, como resultado das bordas amplamente separadas, a ferida cirúrgica cicatriza por segunda intenção em 2–4 semanas. Esse período pós-operatório é frequentemente caracterizado por dor e edema, além de outras complicações como hemorragia no local doador, disfunção sensorial palatal e/ou infecção. Ademais, alguns estudos sugerem que a morbidade associada aos enxertos autógenos de tecidos moles pode influenciar negativamente a decisão dos pacientes de se submeterem a uma nova cirurgia.

A sutura na região é o método mais utilizado para fechamento da ferida palatina, mas apresenta limitações devido à visibilidade reduzida, ao tempo necessário e à dependência das habilidades cirúrgicas do profissional. Além disso, os movimentos da língua podem pressionar a área da ferida e a sutura, bem como gerar acúmulo de alimentos e irritação do paciente, necessitando eventualmente de uma consulta adicional para a remoção da mesma antes do período programado.

Diante disso, a proteção desta ferida tem cada vez mais importância e todas as técnicas que favoreçam a redução da morbilidade e aceleram o processo de cicatrização, sem intercorrências, deverão ser elegíveis. Sabendo que a estabilidade do coágulo sustenta a cicatrização bem-sucedida da ferida, vários agentes têm sido propostos  incluindo, matrizes de colágeno e gelatina, esponja de gelatina reabsorvível, celulose oxidada e gaze estéril combinada com pressão externa, fibrina rica em plaquetas (PRF), extrato de plantas medicinais, concentrados de plaquetas e colágeno derivado de equino.

As figuras 1 a 3 demonstram um caso clínico em que utilizou-se um polímero sintético (Ora-Aid / TBM, Gwangju, Coreia) para a cobertura da ferida da área doadora. Foi realizada a remoção de um tecido gengival livre da área do palato, sendo esta área doadora recoberta com o Ora-Aid.

O Ora-Aid (TBM, Gwangju, Coreia) é um polímero sintético biodegradável, usado no tratamento de feridas para reduzir a dor e prevenir infecções. É um curativo protetor nonugenol composto de polímeros hidrofílicos de alta densidade encapsulados em celulose sintética mucoadesiva insolúvel em água e também contém vitamina E, que tem efeitos de cicatrização de feridas e homeostáticos. A superfície adesiva do Ora-aid é colocada diretamente na mucosa oral, o que induz a produção de uma camada protetora, auxiliando na hemostasia, proteção física contra alimentos, irritantes bacterianos e fumaça de cigarro.

Na medida em que mais e mais cirurgias de enxertos de tecidos moles têm sido feitas para tratar problemas mucogengivais de dentes e implantes, maior é a necessidade de se aumentar o conforto dos pacientes no pós-operatório. Buscar alternativas que facilitem estas cirurgias é dever do clínico em benefício dos pacientes. Assim, o Ora-Aid (TBM, Gwangju, Coreia) é mais uma boa opção clínica para minimizar a morbidade pós-operatória da área doadora dos enxertos de tecidos moles.

Referências:

ESCOBAR, M et al. Effect of cyanoacrylate tissue adhesive in postoperative palatal pain management: a systematic review. Clinical Oral Investigations, v. 25, n. 6, p. 3609-3622, 17 nov. 2020.

YOUNGSUK, L. [임상특강] 덴티스‘오라스카’ 임상적용(上) .Technological Bio Materials, 2017.  Disponível em: http://tbmkorea.com/?p=22759&lang=en&ckattempt=1

ZUCCHELLI, G. et al. Patient morbidity and root coverage outcome after subepithelial connective tissue and de-epithelialized grafts: a comparative randomized-controlled clinical trial. Journal of Clinical Periodontology, v. 37, n. 8, p. 728–738, 24 jun. 2010. 

TAVELLI, L. et al. Minimizing Patient Morbidity Following Palatal Gingival Harvesting: A Randomized Controlled Clinical Study. The International Journal of Periodontics & Restorative Dentistry, v. 38, n. 6, p. e127–e134, nov. 2018. 

“Um escravo não pode servir a dois donos ao mesmo tempo, pois vai rejeitar um e preferir o outro; ou será fiel a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e também servir ao dinheiro.” (Mateus 6:24)

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