Data de publicação: 26/02/2021
Desde que os implantes dentários surgiram, antes mesmo da descoberta da Osseointegração por Brånemark, uma imensa variedade de diâmetros de implantes tem surgido no mercado. Se levarmos em consideração os achados mais antigos relativos a implantes mais finos e de corpo único, como os parafusos de Garbaccio e seus similares (pré-Brånemark), iremos observar que estas fixações da velha guarda já demonstravam uma alta taxa de sobrevivência.
A literatura atual vem aumentando o número de publicações relevantes sobre implantes de corpo único com diâmetro reduzido. Embora ainda faltem estudos longitudinais de longo prazo, os ensaios clínicos disponíveis para consulta já nos estimulam fortemente a utilizar estes tipos de implantes em algumas situações específicas. O conceito básico destes implantes se apoia na estabilidade primária, que sempre foi tomada como uma condição básica para se obter sucesso na Implantodontia.
Associadas à estabilidade primária, as características da superfície de contato entre implante e osso também são consideradas importantes para que o fenômeno da osseointegração ocorra e permaneça estável ao longo do tempo. Para tanto, várias características morfológicas têm sido recomendadas, incluindo a convergência ou forma anatômica do corpo do implante, o formato das espiras como meio de melhorar o contato da superfície osso/implante, a largura e o comprimento, que deveriam ser, de preferência, suficientes para assegurar o máximo de ancoragem, obtendo-se uma relação favorável coroa/implante.
Baseados nestes conceitos, a introdução de implantes mais finos (com diâmetros menores do que 3,5 mm) tem ajudado a otimizar a restauração em pacientes com perda de dentes unitários, especialmente na reposição de elementos como os incisivos laterais superiores e os incisivos inferiores. Geralmente, a utilização de implantes com diâmetros reduzidos se dá em áreas pobres em volume ósseo, que inviabilizam a utilização de implantes com diâmetros de 3,5 mm a 4 mm. Quando, por alguma razão, as técnicas de regeneração óssea guiada ou enxertos ósseos não podem ser realizadas, os implantes com diâmetros extrafinos podem ser uma alternativa satisfatória, inclusive em áreas estéticas.
Outra indicação bastante interessante dos implantes com diâmetros menores do que o padrão são os diastemas que, por alguma razão, não puderam ser fechados por movimentação ortodôntica ou através de restaurações de resina composta e lentes contato. São situações em que o volume ósseo é até adequado para utilizar um implante com plataforma padrão. No entanto, o espaço mesiodistal nos impede de usá-las. Estas situações clínicas podem, muitas vezes, ser resolvidas com o uso de implantes extrafinos. As Figuras 1 a 7 ilustram o caso de um implante com 2,5 mm de diâmetro, utilizado na região de incisivos inferiores.
A imensa variedade de casos complexos que surgem no dia a dia de um implantodontista leva em consideração, também, as aspirações e os desejos do paciente, que muitas vezes não coincidem com o planejamento “ideal” feito por nós, profissionais. Os pacientes reagem de maneira diferente às nossas ofertas e, muitos deles, declinam dos nossos planejamentos, especialmente quando estes planejamentos se tornam muito longos ou já possuem um histórico de insucessos. Os implantes extrafinos são mais um interessante recurso para resolver problemas em áreas estreitas ou no fechamento de diastemas.
“Porque eis aqui o que forma os montes, e cria o vento, e declara ao homem qual seja o seu pensamento, o que faz da manhã trevas, e pisa os altos da terra; o Senhor, o Deus dos Exércitos, é o seu nome.” (Amós 4:13)
Marco Bianchini
Professor associado II do departamento de Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); autor dos livros “O Passo a Passo Cirúrgico na Implantodontia” e “Diagnóstico e Tratamento das Alterações Peri-Implantares”.
Contato: bian07@yahoo.com.br | Facebook: bianchiniodontologia | Instagram: @bianchini_odontologia