Infecção viral na gengiva: como identificar?

infecção gengiva
(Imagem: Envato)
Marco Bianchini analisa causas da infecção viral na gengiva e como os cirurgiões-dentistas devem estar envolvidos no diagnóstico e no tratamento.

Apesar da infecção da gengiva não associada ao biofilme ser incomum, tal lesão pode ocorrer em decorrência da perda da homeostase entre patógenos não relacionados ao biofilme e a resistência inata do hospedeiro. Essas infecções podem ser de natureza bacteriana, viral ou fúngica. As infecções virais podem, eventualmente, confundir os clínicos, pois manifestam-se na gengiva sem necessariamente haver uma grande quantidade de biofilme envolvida.

A manifestação clínica da infecção viral que acomete a cavidade oral, como a gengiva, depende de fatores como o grau de virulência do microrganismo e a suscetibilidade do hospedeiro. Em sua grande maioria, as infecções virais se manifestam de forma subclínica ou, até mesmo, assintomáticas. Tudo vai depender da luta entre a ação do vírus e as defesas do hospedeiro, em que o desequilíbrio ocorre quando se tem maior presença de patógenos virulentos do que aqueles que são benéficos ao organismo.

Os vírus mais comumente relacionados às lesões gengivais não induzidas por biofilme são Coxsackie e os herpes, incluindo herpes simplex tipos 1 (HSV‐1) e 2 (HSV‐2), e varicela‐zoster. Apesar desses vírus geralmente infectarem indivíduos na infância, as infecções primárias também podem ocorrer na idade adulta. Convém destacar que esses vírus podem dar origem à doença da mucosa oral seguida por períodos de latência e, em algumas situações, de reativação. O molluscum contagiosum e o papillomavirus humano também podem promover lesões gengivais.

A infecção herpética primária geralmente ocorre em bebês e tem um período de incubação de sete dias. Pode ter um curso assintomático ou dar origem à gengivoestomatite com graves manifestações. Uma característica é a formação de poucas ou muitas vesículas, que se rompem, coalescem e deixam úlceras revestidas de fibrina de extensão irregular.

Outra ação viral importante e que pode causar bastante desconforto é a infecção primária do vírus varicela-zoster, que desenvolve a varicela, ocorrendo principalmente em crianças. A reativação posterior do vírus em adultos causa herpes zoster, com lesões unilaterais após a distribuição de um nervo infectado. Se o segundo ou terceiro ramo do nervo trigêmeo estiver envolvido, lesões cutâneas podem estar associadas com lesões intraorais, incluindo lesões gengivais. Os sintomas iniciais são parestesia e dor, que podem estar presentes antes do aparecimento das lesões. Inicialmente, há formação de vesículas, que logo se rompem e deixam pequenas úlceras revestidas de fibrina.

Outro vírus importante é o coxsackie, que pode causar herpangina e síndrome mão-pé-boca. Porém, a herpangina não envolve a gengiva, enquanto a síndrome mão-pé-boca é uma doença viral vesicular contagiosa comum que afeta a pele e a mucosa oral, incluindo gengiva. As lesões são vistas principalmente em crianças e causadas principalmente pelos vírus Coxsackie A6, A10 e A16. Após um a dois dias de dor de garganta e febre, bolhas levemente dolorosas podem aparecer no interior das bochechas e na língua, bem como nas palmas das mãos, plantas dos pés e nádegas. Felizmente, a infecção geralmente desaparece em três dias.

A gengiva humana, bem como outros tecidos orais, pode exibir várias lesões patológicas não induzidas por biofilme. Em certas situações, essas lesões podem ser manifestações de uma condição sistêmica ou representar alterações patológicas limitadas aos tecidos gengivais. Apesar dessas lesões não serem causadas diretamente por biofilme dental, seu curso clínico pode ser impactado pelo acúmulo de biofilme e subsequente inflamação gengival.

É importante destacar que os cirurgiões-dentistas são os principais cuidadores da saúde da cavidade bucal e, assim, deveriam ser os principais envolvidos no diagnóstico e elaboração de planos de tratamento para pacientes afetados por tais lesões, como a infecção viral na gengiva. Assim, especialistas em Periodontia devem estar familiarizados e serem capazes de diagnosticar, tratar ou encaminhar para tratamento qualquer uma dessas lesões.

“Louvado seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, Pai misericordioso e Deus de todo encorajamento. Ele nos encoraja em todas as nossas aflições, para que, com o encorajamento que recebemos de Deus, possamos encorajar outros quando eles passarem por aflições.” (2 Coríntios 1:3,4)

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