Pandemia: a professora que ninguém nunca viu

pandemia
Como é ficar o dia todo trabalhando na frente da tela do computador, com alunos pendurados virtualmente? (Imagem: Freepik)
Paulo Rossetti comenta as dificuldades impostas pela pandemia, tanto para professores quanto para alunos, em todos os níveis de ensino.

Desnecessário dizer, mas difícil de acreditar, que no ano letivo de 2020, em todos os níveis de ensino, houve uma reviravolta completa nos modelos presencial ou virtual. No meio da pandemia de Covid-19, com gente mais perdida do que “cachorro caindo da mudança”, observamos diversas vezes a importância da criação e acesso às ferramentas digitais, mas que nem todos conseguiam manusear de maneira eficiente. E isto nas duas pontas da cadeia: docente e discente.

Levados forçosamente ao home office, alguns mestres precisaram de apoio psicológico. Como é ficar o dia todo trabalhando na frente da tela do computador, com alunos pendurados virtualmente respondendo perguntas, e aplicando exames? Alguns tiveram que se transformar nos “atores” que nunca seriam.

Por outro lado, muitos alunos que juravam detestar o convívio estudantil, que não aguentavam mais aquela “tia ou tio”, agora suplicam. Mesmo no conforto do lar (com geladeira, cachorro e kit completo), e independentemente da faixa etária, muitos finalmente enxergam a falta que faz o convívio na sala de aula. Pela lógica, se há o que aprender, também há o que ensinar.

Então, em 2020, surgiu a professora que ninguém viu: a “pandemia”. Sem mestrado, doutorado, PhD ou sei lá qual título você daria, ela simplesmente saltou na capa de todas as revistas, ganhando todas as atenções, furando a fila, desbancando favoritos e famosos. E aí, em 2020, nós todos, professores ou não, nos tornamos alunos.

Mas a história é cíclica. E, como toda enquete de colégio, vêm os resultados:

Fato 1 – em matéria de docência, não é a melhor professora: seu nível de correção com quem não se mostra aplicado, não faz tarefa ou estuda apenas na véspera, é implacável. Não dá para tirar nota A com distinção e louvor.

Fato 2 – os que decidem colocar nas suas “lancheiras” os apetrechos de proteção estão ficando, segundo esta professora, “na média”. Haja paciência.

Fato 3 – neste sentido, muitos estão sob a ameaça de “não passar de ano”. Conclusão: essa professora é mal-amada!

Mas, apesar do rigor dessa docente, e mediante a reclamação de milhões, o conselho deliberativo já decidiu aplicar a melhor “vacina”. Em 2021, esta professora será “aposentada”. Certamente, não vai deixar saudades em ninguém.

Translate »