Se você é fã de esportes coletivos já percebeu: é a dinâmica do grupo que gera vitória ou derrota. Nos dias de hoje, equipes raramente treinam juntas por mais de três anos. Por isso, os técnicos adotam estratégias excepcionalmente versáteis. Por exemplo, há jogadores que trabalham em duas posições sem comprometer o equilíbrio da partida.
No mundo da reabilitação oral, também é a “dinâmica de grupo” que gera vitórias. Todo profissional pode ser um técnico de sucesso. Entretanto, ele precisará fazer direitinho a “estatística” do jogo. Então, meu caro leitor, pegue a sua prancheta digital e anote os fatores mais comuns que impactam o momento da escalação:
a) Suporte periodontal: a literatura mostra que a capacidade do periodonto de suportar forças, mesmo quando reduzido (porém sadio), FUNCIONA se elementos dentários comprometidos estiverem ferulizados ou esplintados, ou seja, aproveitando a disposição quadrangular da arcada. Hoje, com os implantes osseointegrados, a tendência é fazermos segmentos mais curtos. Nada impede de preparar e tentar; quem sabe, a mobilidade diminui. Outro ponto é a intervenção precoce do implantodontista, pois a doença periodontal ativa vai “levar esse osso embora” se nada for instaurado.
b) Estrutura dentária remanescente: este é um dilema antigo: o quanto se pode perder/remover sem prejudicar a capacidade de sustentar a prótese? Nos pacientes de meia-idade, espera-se que a câmara pulpar esteja atrofiada, mas nunca se sabe a extensão cariosa que vamos encontrar pela frente.
c) Posição do dente no plano oclusal: uma velha questão: a desorganização oclusal, com extrusão, rotação, mesialização, distalização e todos os “ção” que pudermos pensar. Situação clássica: ameloplastia x movimentação ortodôntica complicada pela existência de restaurações amplas em amálgama. O fator tempo também impera. Muitos pacientes não ACEITAM Ortodontia. Então, o que fazer? Extrair?
d) Condição endodôntica: normalmente, protesistas (e eu me incluo) só entendem um aspecto da Endodontia: quando o canal estiver bem obturado, é hora de fazer o núcleo. Mas deixem o diagnóstico da vitalidade pulpar para o especialista, principalmente quando o dente já teve obturação radicular e a resposta clínica e/ou radiográfica não é adequada (dor persistente, fístula etc.).
e) a posição do implante dentário: osseointegrado em 99% das vezes, não é? Certo, mas não está batendo “aquele bolão”. Não hesite em mandá-lo para o chuveiro, desde que você saiba como removê-lo com segurança.
E, para fechar esta quarta-feira, compartilho com vocês cinco receitas dos treinadores de sucesso:
- Desafios da Implantodontia restauradora – Guilherme Cabral
- Reabilitações orais com próteses sobre implantes: abordagem multidisciplinar e recursos digitais – Renata Faria
- Implantes individuais em maxila edêntula: desafios na reconstrução de uma “terceira” dentição – Francis Lima
- Odontologia multidisciplinar e manipulação tecidual para obtenção de estética nas reabilitações orais sobre implantes – Luiz Borelli
- Preparo da arquitetura gengival para implantes através da Ortodontia – Juliana Romanelli
Paulo Rossetti
Editor científico de Implantodontia da ImplantNews.
Orcid: 0000-0002-0868-6022.