Apesar da manutenção dos dentes em boca ser uma das prioridades de qualquer tratamento periodontal, muitas vezes a exodontia também se configura como uma etapa importante desta terapia, especialmente se estamos avaliando dentes com prognósticos sombrios e ao lado de dentes com prognósticos mais favoráveis. Estes elementos, na maioria das vezes, estão provocando um aumento da inflamação localizada na área, pois possuem bolsas profundas de difícil tratamento, mobilidade aumentada, acúmulo de biofilme e probabilidade baixa de serem mantidos em boca por muito tempo. Isto ocorre com muita frequência na região dos terceiros molares.
O diagnóstico para condenar um dente a extração geralmente ocorre durante a terapia não cirúrgica periodontal, que é a raspagem a campo fechado propriamente dita. Desta forma, a terapia não cirúrgica (embora tenha este nome que indica a não realização de procedimentos cirúrgicos) pode englobar a extração de dentes comprometidos durante a execução da raspagem. A exodontia de dentes que se encaixam neste perfil melhora a condição local da área, preservando dentes vizinhos que estejam em melhores condições, pela diminuição do biofilme e autolimpeza, criando condições favoráveis para regeneração de um ou mais elementos que estejam próximos a este dente que está supostamente condenado. A figura 1 ilustra uma situação de exodontias estratégicas.
As exodontias estratégicas podem se dar em qualquer região da boca, e qualquer dente pode ter sua extração indicada, desde que se enquadre no perfil que mencionamos anteriormente. Geralmente, extraímos dentes que estão realmente muito condenados. Contudo, a má posição dentária de alguns elementos, que embora tenham o seu aparato periodontal ainda sadio, podem ser uma indicação de exodontia estratégica, desde que esta má posição não seja possível de ser corrigida ortodonticamente ou com alguma outra terapia regenerativa periodontal. Vale lembrar, ainda, que a substituição de dentes condenados por implantes também permanece sendo uma alternativa viável para estes casos.
Os terceiros molares que se apresentam inclusos ou impactados, ou ainda aqueles que mesmo estando bem erupcionados favorecem ao acúmulo de placa na região, se encaixam bem neste perfil de exodontias estratégicas. Estes dentes são geralmente extraídos durante a terapia não cirúrgica, preservando as condições periodontais dos segundos molares, que podem ter perdas ósseas na distal, em função da impacção provocada por estes terceiros molares. A figura 2 mostra um terceiro molar superior (28) com extração indicada, provocando reabsorção óssea na distal do segundo molar (27).
A grande vantagem de executar um correto diagnóstico de dentes com extração indicada é que este tipo de tratamento vai facilitar a autolimpeza do paciente, melhorando a higiene oral. A consequência disto é que os dentes vizinhos a estes dentes supostamente condenados terão seu prognóstico melhorado e permanecerão saudáveis em boca por muito mais tempo. Por isso, cabe ao clínico fazer este correto diagnóstico, a fim de evitar a perda de mais elementos dentais que poderiam ser salvos.
“Bendito seja o Senhor que, dia a dia, leva o nosso fardo! Deus é a nossa salvação.” (Salmos 68:19)
Marco Bianchini
Professor associado IV do departamento de Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); autor dos livros “O Passo a Passo Cirúrgico na Implantodontia” e “Diagnóstico e Tratamento das Alterações Peri-Implantares”.
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