Os implantes imediatos, aqueles que executamos no mesmo momento da extração de um dente condenado, estão cada vez mais presentes no dia a dia dos implantodontistas. A quantidade de dentes condenados por fraturas ou por outras razões vem aumentando nos últimos anos e, indiscutivelmente, a melhor solução para estes problemas é a realização deste procedimento. Dentro das técnicas que utilizamos para realizar um implante imediato, as cirurgias sem retalho se enquadram muito bem, desde que corretamente indicadas.
Não realizar um retalho em uma cirurgia de implante imediato pode oferecer algumas vantagens, principalmente se trabalharmos em região estética. Sabemos que, quando descolamos um retalho, existe a forte probabilidade de termos uma recessão tecidual na cicatrização. Esta recessão pode ser mínima e, talvez, quase imperceptível. Mas, tratando-se de regiões estéticas, estes poucos milímetros podem fazer toda a diferença, especialmente quando teremos que colocar o implante, somado aos enxertos ósseos e coroas provisórias.
Desta forma, na maioria dos casos em que realizamos um implante imediato com ou sem retalho, teremos que realizar também um enxerto de tecido conjuntivo na tábua vestibular, a fim de mantermos a arquitetura original dos tecidos moles. Muitas vezes, além deste enxerto de tecido mole, também é necessário realizar um enxerto de tecido ósseo para preencher o gap entre o implante (geralmente mais posicionado para palatal/lingual) e a tábua óssea vestibular remanescente. Cabe ao profissional avaliar as necessidades de cada caso individualmente.
As figuras 1 a 6 ilustram a colocação de um implante imediato na região do dente 21 condenado. Neste caso, não houve a necessidade de enxerto de tecido ósseo, uma vez que o implante ficou totalmente ancorado no osso remanescente, que era favorável. Entretanto, um enxerto de tecido conjuntivo teve de ser realizado a fim de se manter a arquitetura gengival adequada, que havia sido comprometida pela extensão da lesão periodontal.
O principal ponto que devemos avaliar quando optamos por realizar um implante imediato através de uma cirurgia sem retalho é se o nosso campo visual vai ser suficiente para que possamos inserir o implante em uma posição protética favorável. Ou seja, a ausência do descolamento do retalho não pode prejudicar a colocação correta do implante por dificuldades de acesso ou visualização.
Vale lembrar que, se o grau de dificuldade para a colocação de um implante imediato aumentar muito devido a ausência do descolamento do retalho, devemos optar por outro tipo de técnica, sob o risco de cometermos erros na colocação do implante. Assim, a técnica de realização de um implante imediato sem retalho é mais uma dentre tantas abordagens que podemos lançar mão dentro da Implantodontia. Caberá ao profissional a correta avaliação das vantagens e desvantagens desta técnica a fim de selecioná-la adequadamente.
“Temam o Senhor , seu Deus, sirvam a ele e jurem somente pelo nome dele. Não sigam outros deuses, nenhum dos deuses dos povos que estiverem à sua volta, porque o Senhor, seu Deus, é Deus zeloso no meio de vocês, para que a ira do Senhor, seu Deus, não se acenda contra vocês e os destrua de sobre a face da terra.” (Deuteronômio 6:13-15)
Marco Bianchini
Professor associado IV do departamento de Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); autor dos livros “O Passo a Passo Cirúrgico na Implantodontia” e “Diagnóstico e Tratamento das Alterações Peri-Implantares”.
Contato: bian07@yahoo.com.br | Facebook: bianchiniodontologia | Instagram: @bianchini_odontologia