Agentes antissépticos no tratamento da peri-implantite

agentes antissépticos
Em sua coluna semanal, Marco Bianchini debate o uso de agentes antissépticos locais na melhoria dos resultados de descontaminação.
Publicado em: 11/12/2020

A mucosite peri-implantar é uma lesão inflamatória dos tecidos moles ao redor dos implantes, caracterizada por sangramento à sondagem delicada e sinais visuais de inflamação, que ocorre na ausência de perda de osso de suporte ou de perda óssea marginal progressiva e contínua do osso peri-implantar. O principal problema da mucosite é que a mesma: se não tratada, torna-se uma precursora da peri-implantite.

A peri‐implantite foi definida como uma condição patológica associada à placa, que ocorre no tecido ao redor dos implantes dentários, caracterizada por inflamação na mucosa peri‐implantar e subsequente perda progressiva do osso de suporte. Geralmente, a peri-implantite é precedida por uma mucosite, pois está associada ao controle deficiente da placa e a pacientes com histórico de periodontite grave.

De maneira geral, a mucosite peri-implantar pode ser tratada de forma eficaz por terapia não-cirúrgica mecânica, enquanto a peri-implantite geralmente requer intervenções cirúrgicas. A justificativa de muitos estudos para a não efetividade do tratamento não cirúrgico das peri-implantites é de que existe uma necessidade real de se exporem as roscas contaminadas do implante onde houve perda óssea, para que estas sejam submetidas a um processo de descontaminação “in loco”.

Desta forma, após a exposição cirúrgica da superfície contaminada e a remoção mecânica do biofilme e tecido de granulação, a descontaminação química das superfícies dos implantes poderá ser realizada, através do uso de diversos agentes químicos. Fica evidente que a descontaminação química será muito mais eficaz quando precedida por uma descontaminação mecânica, que é a raspagem dos implantes contaminados.

Vários métodos de descontaminação química têm sido propostos para o tratamento cirúrgico da peri-implantite, porém ainda não se chegou ao ponto de se determinar a superioridade de um sobre o outro. Existe uma grande dificuldade das pesquisas em eleger um padrão ouro para a descontaminação dos implantes atingidos pela peri-implantite. Sendo assim, o modelo periodontal é ainda o mais utilizado como parâmetro para se descontaminar quimicamente os implantes, e os produtos utilizados em Periodontia são praticamente os mesmos utilizados na implantodontia.

 Atualmente, utiliza-se alguns produtos bastante conhecidos no mercado, em diferentes concentrações, para serem aplicados no interior dos defeitos ósseos peri-implantares. Os mais utilizados são a clorexidina, ácido cítrico e oxigênio ativo. Geralmente os fabricantes já disponibilizam as concentrações adequadas ou combinações de fórmulas para o uso cirúrgico destes produtos, que é sempre mais alta do que as fórmulas desenvolvidas para uso tópico.

A técnica cirúrgica básica para o tratamento cirúrgico da peri-implantite, seguido de uma descontaminação química da área exposta, é bastante simples e segue os padrões de qualquer cirurgia periodontal:

– Incisão intra-sulcular, circundando todo o implante comprometido;

– Descolamento de um retalho de espessura total;

– Remoção de todo o tecido de granulação infectado com curetas periodontais;

– Remoção de todo o biofilme e cálculo impregnado no implante e/ou componente protético;

– Descontaminação química da superfície do implante (roscas) que foram expostas à ação dos microrganismos através do uso dos mais variados agentes químicos;

– Fechamento do retalho com suturas simples.

As figuras 1 a 4 ilustram a técnica de descontaminação química dos implantes:

 Obviamente que várias terapias cirúrgicas e não-cirúrgicas vêm sendo propostas para tratar a peri-implantite, bem como a mucosite. Entretanto, especialmente para a peri-implantite, nenhuma dessas terapias é considerada como um “padrão ouro” de escolha nos tratamentos, fazendo com que várias técnicas sejam utilizadas, sem se saber qual delas é a melhor. Assim, o princípio básico da descontaminação total da área ainda é a melhor opção a ser adotada.

O uso de agentes antissépticos locais, aplicados diretamente na região acometida por peri-implantite, certamente irá melhorar os resultados de descontaminação, proporcionando um melhor reparo dos tecidos peri-implantares e a permanência em boca, com saúde, de implantes que já tenham sofrido algum tipo de perda óssea.

Referências:

1 – Bianchini, Marco Aurélio. Diagnóstico e tratamento das alterações peri-implantares/Marco Aurelio Bianchini. – 1.ed.-São Paulo : Santos, 2014. 216p. ISBN 978-85-412-0377-7

“Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça. Por isso, amados, aguardando estas coisas, esforçai-vos para que sejais achados por Ele numa vida pura, sem mancha em paz.” 1 Pedro 3: 13-14.

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