Alterações do periodonto durante o ciclo menstrual

Quem trabalha com a Periodontia rotineiramente no consultório, certamente já observou as mudanças clínicas que muitas vezes ocorrem em pacientes que estão no seu ciclo menstrual. Tirando as alterações de humor e estresse, que são típicas deste período, existem algumas manifestações clínicas no periodonto que precisamos dar atenção. Na coluna de hoje, irei resumir um interessante artigo que li e que estou disponibilizando para vocês na íntegra neste link.

A necessidade de estabelecer uma associação entre as periodontites e certas desordens sistêmicas vem impulsionando inúmeras pesquisas que tratam desta relação da saúde geral com o periodonto. Uma reflexão sobre as questões específicas da mulher e a doença periodontal parece estar ganhando força na comunidade acadêmica. Alguns autores têm reportado que os hormônios sexuais podem induzir a proliferação de periodontopatógenos específicos, e o jogo hormonal pode também afetar a resposta imunológica de pacientes do sexo feminino.

Os efeitos dos hormônios esteroidais sobre o periodonto estão mais evidentes em certos estágios da vida de uma mulher, especialmente durante o ciclo menstrual, quando há um aumento dos hormônios sexuais ou uma significante oscilação em suas concentrações. As flutuações nos hormônios esteroidais sexuais, que são vistos durante o ciclo menstrual, podem impactar na saúde periodontal e estas podem ter efeito direto na inflamação gengival e na alteração de determinadas substâncias no fluido gengival, como a interleucina 6 (IL-6), a prostaglandina E2 (PGE2), o ativador tissular do plasminogênio (t-PA), e o inibidor 2 do ativador tissular do plasminogênio (PAI2).

O ciclo menstrual compreende um período de 25 a 30 dias, controlado por secreção de hormônios sexuais, responsável pela continuação da ovulação até a menopausa. São duas as fases compreendidas neste processo: folicular e lútea, respectivamente vinculadas aos eventos pré e pós-ovulação. Na fase folicular, existe um aumento na produção de gonadotropinas (LH e FSH) e estrógeno além de, em uma menor proporção, a progesterona. Na fase lútea, ocorre uma diminuição do exudato gengival e, portantoo, se torna razoável imaginar uma associação entre inflamação gengival local e o aumento dos hormônios sexuais durante uma fase do fluxo menstrual.

Estudos demonstram que um dos efeitos do estrógeno sobre os tecidos periodontais é uma diminuição da queratinização e um aumento do glicogênio epitelial, que resulta na redução da efetividade da barreira epitelial. Alguns sintomas como sangramento e alterações de textura e cor gengivais podem ocorrer durante o ciclo menstrual além de irritabilidade (71,9%), tensão pré-menstrual (50%), dificuldade de concentração (12,5%), depressão (15,6%), dentre outros, que podem ser explicados devido à possibilidade de redução nos neurotransmissores.

A progesterona parece exercer pouca influência na vascularização dos tecidos-alvo sistêmicos. Contudo, nos tecidos bucais e em particular na gengiva, este hormônio exerce maiores efeitos vasculares que o estrógeno. Além disso, a progesterona reduz a taxa do fluxo corpuscular, o que permite um maior acúmulo de células inflamatórias, aumentando a permeabilidade e a proliferação vascular.

Existem diferenças cruciais entre os indivíduos no que diz respeito aos fatores do hospedeiro, incluindo os hormônios sexuais, que podem estar implicados no desencadeamento e progressão da doença periodontal. O mecanismo pelo qual os hormônios sexuais exercem algum impacto sobre o periodonto precisa ser melhor esclarecido, uma vez que alterações nos níveis hormonais, durante o ciclo menstrual na fase lútea, refletem na inflamação gengival.

 A flutuação dos hormônios sexuais esteróides exerce um impacto expressivo na inflamação gengival durante o período menstrual, embora não sejam necessários ou suficientemente capazes de desencadear, por si só, mudanças gengivais. Contudo, podem alterar as respostas periodontais frente a agressão bacteriana, o que, indiretamente, contribuiria com a doença periodontal.

É de fundamental importância levar em consideração o estado emocional dos pacientes quando se diagnostica e planeja um tratamento periodontal. Mesmo os que estão estabilizados podem, em um dado momento, apresentar quadros de exacerbação da doença provocados por eventos estressantes capazes de ocasionar alterações fisiológicas e comportamentais, incluindo nestes momentos, o período menstrual.

Referência

Luciana Koser Oliveira e Luciana Mattos Barros Oliveira. A influência das alterações endócrinas e do estresse durante o ciclo menstrual sobre o periodonto. R. Ci. med. biol., Salvador, v.10, n.3, p.284-289, set./dez. 2011

“ Tenham cuidado para que, em meio à fartura, não se esqueçam do Senhor, seu Deus, e desobedeçam aos mandamentos, estatutos e decretos que hoje lhes dou. Quando ficarem satisfeitos e forem prósperos, quando tiverem construído belas casas onde morar, e quando seus rebanhos tiverem se tornado numerosos e sua prata e seu ouro tiverem se multiplicado junto com todos os seus bens, tenham cuidado!cNão se tornem orgulhosos e não se esqueçam do Senhor, seu Deus, que os libertou da escravidão na terra do Egito.” (Deuteronômio 8:11-14)

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