Antisséptico bucal: bons resultados no combate a Covid-19

Data de publicação: 04/12/2020

Na semana passada, circulou uma notícia espetacular sobre um antisséptico bucal, desenvolvido por pesquisadores brasileiros, que inativa o coronavírus em 96%. O produto foi desenvolvido com apoio de quatro centros de referência de pesquisa, incluindo a Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da Universidade de São Paulo (USP). Diferentemente da abordagem alarmista inicial de alguns órgãos de saúde da pandemia, que mandaram fechar os nossos consultórios, esta pesquisa coloca a Odontologia à frente da prevenção e do combate a Covid-19.  

A eficácia do produto foi comprovada com testes iniciais e o antisséptico teve aprovação da Anvisa para o uso em seres humanos em outubro deste ano. Foram feitas seis etapas de estudos, envolvendo 107 indivíduos, e outros estudos ainda estão previstos, envolvendo 2,1 mil pessoas. O intuito é evoluir mais atributos que o antisséptico bucal poderá proporcionar. Os resultados dessa pesquisa não estabeleceram uma cura para a Covid, mas sim uma possível prevenção da doença, pois o antisséptico não é um novo medicamento ou vacina, mas serve como suporte ao tratamento da mesma.

De acordo com Fabiano Vieira Vilhena, cirurgião-dentista e doutor em Biologia Oral pela Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB), o composto foi desenvolvido a partir da tecnologia Phtalox, um pigmento que promove a formação de oxigênio reativo a partir do oxigênio molecular, sendo capaz de inativar o vírus da Covid na boca. A principal ação deste antisséptico é fazer com que a carga viral diminua e dê condições para que o organismo e os medicamentos que serão usados no tratamento direto da Covid possam de fato melhorar a condição de saúde dos indivíduos já contaminados. 

A ideia é utilizar o produto no dia a dia, fazendo parte dos cuidados com a saúde bucal. Através do bochecho e do gargarejo com o antisséptico, a solução tem a possibilidade de reduzir o vírus que pode ter entrado pelo nariz ou pela boca, segundo informação do professor. Além disso, o produto foi testado no tecido de máscaras e também foi comprovada a redução da carga viral em 98,75%. Estes achados podem realmente revolucionar a maneira que estamos atendendo os nossos pacientes e ter um impacto mundial da Odontologia, influenciando diretamente no combate a Covid-19.

Uma das fases mais interessantes e dramáticas dessa pesquisa foi quando o produto passou a ser testado em pacientes com Covid internados no Hospital Estadual de Bauru. Um grupo recebeu a substância ativa Phtalox, enquanto outro utilizou o placebo. A partir disso, foram analisadas amostras de saliva para identificar a carga viral nos pacientes. Os moradores que receberam a substância ativa negativaram a carga viral e reduziram o tempo de internação pela metade, em relação aos pacientes que receberam o placebo. Já um terço dos pacientes que recebeu o placebo teve que ir para UTI e, infelizmente, três deles vieram a óbito com Covid.

De acordo com a Dentalclean, empresa que irá comercializar o antisséptico, esse produto estará à venda na primeira semana de dezembro nas redes de varejo eletrônico, alimentar e farmácia. O antisséptico é de 600 ml, o suficiente para uso diário durante um mês. A empresa informou que o produto vai custar em torno de R$ 30 e tem um sabor agradável, levemente mentolado. Para 2021, a ideia é disponibilizar a solução também em forma de gel dental e spray bucal. 

Esta pandemia tem mudado drasticamente uma série de conceitos e padrões aos quais estávamos acostumados a viver. Obviamente que o alarmismo exacerbado e o pânico em nada contribuem para a diminuição das mortes. Pesquisas sérias como essa, feitas em tempo recorde e com resultados muito promissores, já com a aplicação clínica real em nossos pacientes, é que irão fazer a diferença. Parabéns a todos os pesquisadores envolvidos nessa pesquisa, e também a Anvisa, que aprovou os protocolos rapidamente. Seriedade, eficiência e rapidez com responsabilidade é o que precisamos no combate a Covid-19.