Deficiências de tecidos moles ao redor de implantes

As deficiências dos tecidos moles peri-implantares podem ser diagnosticadas antes ou depois da colocação dos implantes. Para efeitos didáticos, iremos abordar estas duas condições separadamente, como mostraremos a seguir.

As deficiências de tecido mole, antes da colocação do implante, abrangem situações onde a quantidade disponível de tecido mole (especialmente a mucosa ceratinizada) não permite facilmente a cobertura total do implante ou de aumentos ósseos que serão necessários, ocasionando tensões no retalho, que acabam gerando recessões e defeitos de tecido queratinizado ao redor do implante colocado. Estes defeitos são geralmente ocasionados por:

– Perda de dentes
– Doença periodontal
– Doenças sistêmicas

Já as deficiências de tecido mole, que ocorrem após a colocação do implante, são aquelas que podem ter ocorrido em razão da colocação do implante em uma posição proteticamente desfavorável, mesmo havendo tecido mole em volume adequado. Geralmente estas deficiências ocorrem por:

– Falta de osso vestibular
– Altura das papilas interproximais inadequada
– Tecido queratinizado em posição desfavorável
– Migração de dentes e alterações esqueléticas ao longo da vida

De maneira geral, o que ocorre nas deficiências de tecidos moles, sejam elas identificadas antes ou após a colocação dos implantes, é que os implantes, muitas vezes, são colocados em áreas que já não possuem mais dentes naturais. Estas regiões podem estar presentes há muitos anos e, geralmente, já foram reparadas por algum tipo de prótese fixa ou removível. A remodelação destas áreas, que acontece naturalmente após a perda de dentes, é que poderá provocar algum tipo de deficiência tecidual na mucosa.

A correção destas deficiências de tecidos moles ao redor de implantes se dá, basicamente, através de duas técnicas para se aumentar o volume da mucosa ceratinizada peri-implantar: enxerto de tecido conjuntivo e/ou enxerto gengival livre. São técnicas que vem sendo descritas exaustivamente na literatura e que possuem resultados promissores. Entretanto, existem algumas manobras simples, que podem ser realizadas na cirurgia de segundo estágio e que trazem excelentes resultados na manutenção do volume dos tecidos moles peri-implantares. As figuras 1 a 6 descrevem um caso que ilustra uma destas manobras.

Embora as manipulações ou os enxertos de tecidos moles possam ser realizados antes da colocação dos implantes, como medida preventiva, existe ainda uma grande resistência por parte dos pacientes em aceitar um novo procedimento cirúrgico antes dos implantes. Na maioria das vezes, este enxerto preventivo acaba não sendo realizado ou realizado na cirurgia de segundo estágio, na reabertura dos implantes, antes da colocação da prótese.

Assim como nos dentes naturais, ainda existe uma certa controvérsia a respeito deste assunto. Entretanto, é inegável que a presença de uma faixa de mucosa ceratinizada superior a 2 milímetros (tanto em altura como em espessura) estimula a proteção mecânica, facilitando a autolimpeza, diminuindo o acúmulo de biofilme com consequente melhora da saúde peri-implantar. Desta forma, a manipulação dos tecidos moles é parte importante da reabilitação com implantes dentários e deve ser realizada sempre que houver um diagnóstico de deficiência deste tecidos moles.

Referências:

1 – Hämmerle CHF, Tarnow D. The etiology of hard‐ and soft‐tissue deficiencies at dental implants: A narrative review. J Clin Periodontol. 2018;45(Suppl 20):S267–S277

2 – Jepsen, S., Schwarz, F., Cordaro, L., Derks, J., Hämmerle, C. H. F., Heitz- Mayfield, L. J., … Urban, I. (2019). REGENERATION OF ALVEOLAR RIDGE DEFECTS. Consensus report of group 4 of the 15th. European Workshop on Periodontology on Bone Regeneration. Journal of Clinical Periodontology, 46(Suppl 21), 277–286. https://doi. org/10.1111/jcpe.13121

3 – Araujo MG, Lindhe J. Peri‐implant health. J Clin Periodontol. 2018;45(Suppl 20):S36–S36.

“Jesus subiu num barco, e os seus discípulos foram com ele. De repente, uma grande tempestade agitou o lago, de tal maneira que as ondas começaram a cobrir o barco. E Jesus estava dormindo. Os discípulos chegaram perto dele e o acordaram, dizendo: Socorro, Senhor! Nós vamos morrer! Respondeu Jesus: por que é que vocês são assim tão medrosos? Como é pequena a fé que vocês têm! Então, Ele se levantou, falou duro com o vento e com as ondas, e tudo ficou calmo. E todos ficaram admirados e disseram: Que homem é este que manda até no vento e nas ondas?!” (Mateus 8:26,27)

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