Desafios do atendimento odontológico durante a pandemia

atendimento odontológico
Marco Bianchini analisa o cenário complicado que envolve o atendimento odontológico em meio à pandemia de Covid-19, no Brasil e no mundo.
Data de publicação: 07/08/2020

No início da pandemia de coronavírus (Covid-19), os procedimentos odontológicos foram considerados desafiadores porque muitos envolvem o uso de sprays de água e de ar de alta pressão, que poderiam espalhar pelo consultório aerossóis que contêm o vírus de um paciente. O terrorismo que se impôs sobre esta questão certamente esvaziou muitas clínicas, até ficar provado que alguns consultórios bucais com a velha e eficiente água oxigenada ou a clorexidina poderiam perfeitamente ter estes efeitos minimizados, além da higienização padrão com gases e sprays em ambientes bastante ventilados.

Aerossóis sempre fizeram parte dos nossos atendimentos e, se eles realmente fossem uma fonte tão importante de contaminação, já estaríamos todos nós mortos por tuberculose, Aids, gripe A, hepatite C e tantas outras doenças. Na verdade, os métodos de proteção, como máscaras, óculos e luvas, além de uma sala bem arejada, é que fazem com que estas infecções não sejam disseminadas nos nossos ambientes de trabalho. Contudo, antes da divulgação feita pelo Conselho Federal de Odontologia, há um mês, de que nós somos a área da saúde que menos se contamina ou que transmite a Covid-19, muitos pacientes negligenciaram os tratamentos odontológicos, e isto está trazendo péssimos resultados para a saúde geral da população como um todo após estes quase cinco meses de pandemia no Brasil.

O primeiro impacto sentido na Odontologia foi a perda de empregos de profissionais ligados à área. “Com exceção de dois funcionários, tivemos de afastar todos os outros da equipe, deixando-os na dependência do seguro-desemprego. Caso contrário, não haveria uma empresa para a qual eles pudessem voltar quando fosse possível reabri-la”, disse Edward Lee, um cirurgião-dentista de Nova York, em uma reportagem do NSC Total de 12/6/20, o que mostra que o problema não se restringe somente ao Brasil.

Dr. Edward ainda fez revelações sobre o impacto da pandemia nos consultórios. “Toda etapa do tratamento odontológico tem um nível de urgência. Problemas que foram adiados podem surgir. Se os pacientes estão com dor, já é tarde demais. Mas, enquanto os consultórios de podologia foram autorizados a ficarem abertos, estão dizendo que não há problema em não ir ao dentista no momento. Dá pra acreditar nisso?”, questionou.

Para enfrentar estas restrições impostas de uma forma ditatorial, muitos cirurgiões-dentistas no Brasil e no mundo foram tentando melhorar os seus equipamentos odontológicos, que já eram de alta qualidade, e mapearam as melhores práticas de segurança biológica que esperam manter indefinidamente. Muito dinheiro tem sido gasto pelos profissionais da saúde bucal para equipar os seus consultórios que, em sua grande maioria, já eram ambientes bastante seguros quanto às infecções cruzadas. Porém, o pânico mundial nos forçou a adotar medidas radicais e, algumas delas, bastante questionáveis quanto à real proteção dos pacientes.

“Sempre fizemos muito em relação aos equipamentos de proteção individual e à limpeza do consultório, e agora estamos aprimorando o que já fazíamos para tornar o ambiente ainda mais seguro”, disse o Dr. Edward Lee. Depois de cada paciente, todas as superfícies do consultório são limpas com um produto químico que mata os vírus em um minuto. Os instrumentos são limpos em uma autoclave de primeira linha, que aspira todo o ar e líquido dos instrumentos, e os esteriliza com alta temperatura e pressão, antes de secá-los por completo, minimizando assim o risco de recontaminação. Estes procedimentos estão sendo realizados em praticamente todos os consultórios dentários do mundo.

Assim, a questão da saúde oral tem que ser tratada de uma maneira mais séria pelas autoridades. Um atraso no tratamento durante o lockdown das clínicas odontológicas é potencialmente mais grave para aqueles com doença periodontal moderada ou grave, que afeta um em cada 20 adultos que têm entre 20 e 64 anos. As infecções na gengiva causam inflamação em todo o corpo, o que aumenta o risco de desenvolver doenças cardíacas e diabetes, que, por sua vez, aumentam o risco de adquirir uma infecção letal por coronavírus. Na verdade, a inflamação por si só já é um fator de risco para o desenvolvimento da Covid-19.

A boa notícia disso tudo foi também comentada pelo Dr. Edward: “A Covid-19 não vai desaparecer tão cedo, e essas medidas podem ajudar a proteger nós e os nossos pacientes de qualquer outra doença que possa surgir no futuro. Temos de nos comportar como se esse vírus sempre tivesse existido. Este é o novo normal”, apontou.

“Experimentamos, em nós mesmos, a angústia de estarmos condenados à morte. Assim, aprendemos a não confiar em nós mesmos, mas a confiar somente em Deus, que ressuscita os mortos. Ele nos livrou, e continuará a livrar-nos, de um tão grande perigo de morte. Nele temos firme esperança de que nos livrará ainda, em outras ocasiões.” (2 Coríntios 1,9-10)

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