Defeitos periodontais verticais: tratar ou substituir por implantes?

Defeitos periodontais ósseos verticais são aqueles onde a base do defeito ósseo  está localizada apicalmente  à crista alveolar. Eles ocorrem em uma direção oblíqua, deixando uma depressão oca no osso ao lado da raíz. São considerados os defeitos mais graves e que possuem um prognóstico sombrio, principalmente quando temos profundidades maiores do que 6mm. São situações de extrema complexidade, que irão exigir técnicas cirúrgicas periodontais sensíveis e que podem deixar sequelas estéticas desagradáveis. A figura 1 ilustra um defeito vertical.

Figura 1 – Defeito infra-ósseo ou vertical. Observar que a base do defeito se localiza apicalmente a crista óssea alveolar do dente em questão, tomando uma direção oblíqua em um único elemento dental.

 

Defeitos verticais intra-ósseos propriamente ditos ou angulares são os defeitos ósseos cujo componente infra-ósseo afeta principalmente um dente e a base deste defeito se localiza numa posição apical em relação a porção de osso sadio, que ainda circunda alguma porção do dente em questão. Estes defeitos foram classificados de acordo com sua morfologia em termos de paredes ósseas residuais, largura do defeito (ou ângulo radiográfico) e em termos de extensão topográfica ao redor do dente. A classificação destes defeitos intra-ósseos propriamente ditos fica melhor compreendida quando levamos em consideração o número de paredes ósseas sadias que ainda restaram no dente que está sendo avaliado.

A diversidade destes defeitos intra-ósseos muitas vezes faz com que um mesmo defeito possa ter uma anatomia complexa composta por um componente de três paredes na porção mais apical do defeito e componentes de duas e / ou uma parede nas porções mais superficiais. Quando isto ocorre classifica-se o defeito como defeito ósseo combinado. A figura 2 ilustra um defeito ósseo combinado.

Figura 2 – Simulação de defeito intra-ósseo combinado em um incisivo lateral inferior direito. A parede vestibular está com a sua metade da altura distal e lingual comprometidas, configurando um defeito intra-ósseo com três paredes na sua metade apical e duas paredes na sua metade oclusal (inicisal).

 

Sabemos que as técnicas de regeneração tecidual guiada obtém sucesso em alguns casos de defeitos verticais. O uso combinado de enxertos ósseos e membranas está bem embasado na literatura, mostrando a recuperação do periodonto de dentes com defeitos verticais. Contudo, sabe-se também que esta técnica exige uma grande habilidade do operador em conjunto com pacientes “modelo”, que controlem bem o biofilme e não tenham alterações sistêmicas que comprometam a cicatrização.

Desta forma, muitos profissionais e pacientes preferem partir diretamente para a substituição destes dentes comprometidos por defeitos verticais, por implantes osseointegrados, onde a recuperação da estética e função parece ser mais fácil de se obter. A justificativa desta conduta, passa diretamente pela morbidade cirúrgica das técnicas regenerativas (mais de uma cirurgia de acesso) e por fatores econômicos (a regeneração tecidual guiada exige biomateriais de alto custo).

Acredito que qualquer uma das duas condutas adotadas por nós poderá chegar a resultados satisfatórios que devolvam a estética e função aos nossos pacientes. Contudo, devemos analisar os casos individualmente, sempre com a participação efetiva do paciente na decisão final. Substituir dentes com prognóstico sombrio por implantes ou tratar dentes com defeitos ósseos favoráveis são condutas terapêuticas corretas. Cabe a nós sabermos selecionar adequadamente qual das duas técnicas usar em cada caso que enfrentamos.

“Portanto, irmãos, fiquem firmes e guardem aquelas verdades que ensinamos a vocês tanto nas nossas mensagens como na nossa carta. Que o próprio Jesus Cristo, o nosso Senhor, e Deus, o nosso Pai, que nos ama e que na sua bondade nos dá uma coragem que não acaba e uma esperança firme,17 encham o coração de vocês de ânimo e os tornem fortes para fazerem e dizerem tudo o que é bom!” (2 Tessalonicenses 2:15-17)

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