Data de publicação: 29/01/2021
Nesta semana, eu encontrei uma postagem aberta no Instagram do professor Tomas Linkevicius, que reflete muito a posição que eu tomo referente à sondagem de implantes. Sondar ou não sondar? A princípio, esta pergunta parece ser um sacrilégio, principalmente para nós, periodontistas. A resposta normal deveria ser: “SEMPRE devemos sondar nossos implantes”. Contudo, a prática clínica e as últimas constatações científicas da Academia Americana de Periodontia nos mostram que esta sondagem obrigatória precisa ser mais discutida, principalmente porque a sondagem de implantes difere sensivelmente da sondagem de dentes naturais e exige um treinamento e calibração do clínico, para que este não obtenha diagnósticos falso positivos ou falso negativos. Vamos ao post, apresentado na figura abaixo.
No comentário desta postagem, o professor Linkevicius relata que a Academia Americana de Periodontia, em 2018, fez muitas constatações sobre a sondagem dos implantes, observando que esta sondagem peri-implantar serve mais para testar a resistência dos tecidos do que refletir a saúde dos mesmos. Sendo assim, a decisão do professor Linkevicius é: “Não sondo se o raio X mostra uma condição óssea estável e os tecidos peri-implantares não apresentam sinais de inflamação, como na foto acima”.
Sabe-se que os métodos clínicos para identificar se um implante está com saúde ou já possui algum grau de inflamação incluem a inspeção visual, sondagem com sonda milimetrada periodontal e palpação. Mudanças na coloração desses tecidos moles, bem como o sangramento a sondagem ou a presença de um forte exsudato na palpação, indicam que o quadro de saúde foi rompido.
O que ocorre na sondagem dos implantes é que as características histológicas dos tecidos peri-implantares são semelhantes, mas não iguais aos tecidos periodontais. Isto faz com que o selamento biológico nos implantes seja mais frágil do que nos dentes naturais. Desta forma, quando realizamos a sondagem peri-implantar, a pressão de sondagem pode ser exagerada, adentrando inadequadamente o sulco peri-implantar e provocando um sangramento que nada tem a ver com uma inflamação real, pois foi provocado pelo trauma na pressão de sondagem. Por outro lado, se executarmos uma sondagem com uma pressão muito leve, não iremos obter a real sondagem da área e a ausência de sangramento pode ser uma falsa impressão de saúde.
A saúde peri‐implantar pode ser perfeitamente diagnosticada associando a ausência de sinais visuais de inflamação, bem como de perda óssea progressiva (perda constante ao longo dos anos), visível em radiografias. Os sinais visuais de uma mucosa peri-implantar demonstram um tecido mole com ausência de eritema, de sangramento espontâneo e de edema na mucosa. A coloração dessa mucosa é um vermelho rosado com tonalidades mais claras, semelhante aos tecidos moles saudáveis que se encontram ao redor dos dentes naturais. Se observarmos todas estas características clínicas, sem perdas ósseas, a sondagem peri-implantar parece ser desnecessária.
Falando novamente ao povo, Jesus disse: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida”. Os fariseus lhe disseram: “Você está testemunhando a respeito de si próprio. O seu testemunho não é válido!” Respondeu Jesus: “Ainda que eu mesmo testemunhe em meu favor, o meu testemunho é válido, pois sei de onde vim e para onde vou. Mas vocês não sabem de onde vim nem para onde vou. (João 8:12-14)
Marco Bianchini
Professor associado II do departamento de Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); autor dos livros “O Passo a Passo Cirúrgico na Implantodontia” e “Diagnóstico e Tratamento das Alterações Peri-Implantares”.
Contato: bian07@yahoo.com.br | Facebook: bianchiniodontologia | Instagram: @bianchini_odontologia