É possível empreender na Odontologia?

Dentro da universidade e nos eventos que frequento, percebo que a maioria dos dentistas tem medo de abrir seu próprio negócio na Odontologia: prefere trabalhar por comissão e não correr muitos riscos. Acredito que esse medo tranca a pessoa profissionalmente, pois pode crescer até certo ponto e depois esse movimento é interrompido. A ideia de escrever sobre este tema de empreendedorismo é colocar “lenha na fogueira” para que o dentista tenha iniciativa de correr riscos e abrir o seu negócio, pois o crescimento econômico pode ser muito maior

De uma maneira geral, o profissional liberal como um todo, não apenas o dentista, às vezes tem mais comodidade em ser um parceiro associado ou trabalhar por comissão, do que abrir o seu próprio negócio e ser dono do seu nariz. E isso, apesar de trazer aprendizados para o início da carreira, também limita o crescimento econômico do profissional. Percebo que as pessoas tem muito medo de quebrar, de não dar certo, de ficar devendo. E esse medo paralisa a trajetória e o sucesso profissional.

Eu continuo vivendo diversas experiencias lecionando na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)  e também com diversos dentistas parceiros que trabalharam comigo em minha clínica e que hoje abriram seus próprios consultórios, expandindo sua entrada financeira como dentistas. Eu acredito que sim, é possível empreender na odontologia e ganhar um dinheiro honesto com isso. O dentista é um profissional requisitado para a vida em sociedade. Enquanto as pessoas tiverem dentes, elas vão precisar de dentistas. O mesmo acontece com médicos, psicólogos, fisioterapeutas, cabelereiros e por aí á fora.

Tenho observado também, que o ensino nas universidades é um pouco carente na área de gestão e crescimento para o profissional autônomo liberal. Como professor eu percebo que, tecnicamente, as formações são muito boas, mas o preparo para realidade prática do dentista dentro do mercado de trabalho, as universidades deixam um pouco a desejar. Desta forma eu noto que os alunos saem capacitados tecnicamente, mas sem o conhecimento necessário para enfrentar o mercado e gerir suas próprias clínicas. As perguntas que mais recebo são sobre como abri meu consultório e como gerencio o dia a dia de uma clínica odontológica.

Quando eu finalizei a minha graduação na UFSC o meu consultório particular já estava montado. Eu consegui abrir o meu consultório imediatamente após a minha formatura e me mantive no mercado durante 32 anos. As minhas aulas, no meu curso de empreendedorismo em odontologia, estão focadas no que deu certo a partir da minha vivência dentro do meu consultório e da minha clínica. Eu costumo sempre contar nas minhas palestras, as minhas experiências com aquilo que deu certo e o que não deu, dentro das escolhas que fiz nessas três décadas de gestão de clínica.

Muitas vezes eu ia embora do meu consultório pensando em fechar. Os fracassos e os dias difíceis fazem parte da caminhada. Mas a administração dos insucessos e a capacidade de resiliência e paciência do empresário são chaves que fazem a diferença a longo prazo na busca de estabilidade econômica dentro da profissão.

Infelizmente, muitos dentistas afirmam que o mercado odontológico está saturado. Essa é uma afirmação que muitos professores falam em sala de aula, dizendo que somos muitos e que as novas gerações não tem mais cáries, reduzindo a necessidade de serviços odontológicos. Mas eu não acredito nisso. O Brasil é um país com uma demanda reprimida muito grande na área da saúde. Na medida que o país for crescendo, essa demanda reprimida vai procurar uma melhor qualidade de vida. Enquanto as pessoas nascerem com bocas e dentes, o mercado vai se manter aquecido.

“Ser sábio é melhor do que ser forte; o conhecimento é mais importante do que a força.  Afinal, antes de entrar numa batalha, é preciso planejar bem, e, quando há muitos conselheiros, é mais fácil vencer.” (Provérbios 21: 5-6)

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