Uma das formas mais comuns de reabilitar pacientes desdentados totais é através das famosas próteses tipo protocolo. Para que estas próteses atinjam os resultados esperados no longo prazo, é necessário que um número mínimo de implantes dentários seja instalado nas arcadas dentárias. Porém, saber exatamente qual seria este número mínimo de implantes é uma pergunta que ainda ecoa, mesmo depois de tantas décadas.
É óbvio que questões como quantidade e qualidade óssea disponível, magnitude da força mastigatória e exigências estéticas podem alterar a decisão de quantos implantes colocar em cada situação. Porém, o que o clínico quer mesmo saber é se o número de implantes interferiria na longevidade destas próteses tipo protocolo. De maneira geral, esta pergunta vem sendo respondida parcialmente ao longo do tempo, e a seleção do número de fixações a serem instaladas acaba sendo uma decisão muito pessoal de cada dentista.
Geralmente, considera-se que, para uma arcada desdentada reabilitada com a técnica das próteses tipo protocolo, um mínimo de cinco a seis implantes dentários forneça estabilidade suficiente para resistir aos esforços mastigatórios, desde que estas fixações sejam bem distribuídas pela arcada. Entretanto, este não é um número fixo, já que condições ósseas favoráveis, dimensões de arcadas mais reduzidas e a ausência de fatores que comprometem o sucesso do tratamento, como o bruxismo, podem diminuir este número para até quatro implantes, através da técnica conhecida como all-on-four.
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A literatura traz um suporte grande, tanto para reabilitações com quatro implantes como para reabilitações com cinco ou mais implantes. Alguns estudos mostram que o uso de um número mínimo de implantes pode ser bastante satisfatório nos primeiros anos de acompanhamento. Outros estudos mostram que, quando a reabilitação apresenta um número maior ou igual a cinco implantes por arcada, as taxas de sucesso são altas a longo prazo, reduzido o número de falhas de implantes e nas próteses. As Figuras 1 a 4 ilustram um protocolo inferior reabilitado com cinco implantes.
A colocação de quatro a seis implantes entre os pré-molares superiores ou entre os forâmens mentonianos, com o intuito de suportar uma prótese fixa de até 2 cm de extensão bilateral em cantiléver, está consagrada na literatura. Porém, a inserção de um maior número de implantes muito próximos uns dos outros pode aumentar o risco de peri-implantite, devido ao maior acúmulo de placa e dificuldade de higiene.
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O que ocorre é que quando optamos pela colocação de um menor número de implantes, se houver alguma perda, a prótese fica inviabilizada e o caso precisa ser refeito. Quando temos seis ou mais implantes, se perdermos um ou até mesmo dois implantes, ainda pode-se utilizar a mesma prótese com pequenos reparos. Assim, a maioria dos clínicos se sente mais seguro em colocar mais de cinco implantes para suportar uma prótese protocolo. Contudo, deve-se estar atento para os efeitos colaterais que um excessivo número de fixações pode ocasionar.
As reabilitações totais envolvem os pacientes com maior expectativa em relação aos resultados da terapia com implantes. Os desdentados totais apresentam uma série de traumas psicológicos oriundos de dificuldades estéticas e funcionais. Esse perfil acaba por gerar uma ansiedade exagerada na substituição de uma prótese total por uma prótese implantossuportada. O profissional da Implantodontia deve analisar com muito cuidado as situações clínicas e psicológicas que envolvam a reabilitação de edêntulos totais e, baseado nestas informações, selecionar cuidadosamente o número ideal de implantes para suportar uma prótese protocolo.
Referência
Gomes J, Lemos C, Santiago-Júnior J, Moraes S, Goiato M, Pellizzer E. O número de implantes interfere na longevidade de próteses do tipo protocolo? Uma revisão sistemática de estudos clínicos controlados e randomizados. Archives of Health Investigation 2016;5(7). Recuperado de https://archhealthinvestigation.com.br/ArcHI/article/view/2045.
“Peço igualmente aos jovens: estejam sujeitos aos que são mais velhos. Que todos se revistam de humildade no trato de uns com os outros, porque ‘Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.’ Portanto, humilhem-se debaixo da poderosa mão de Deus para que ele, em tempo oportuno, os exalte. Lancem sobre ele todas as suas ansiedades, porque ele cuida de vocês.” (1 Pedro 5:5-7)
Marco Bianchini
Professor associado IV do departamento de Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); autor dos livros “O Passo a Passo Cirúrgico na Implantodontia” e “Diagnóstico e Tratamento das Alterações Peri-Implantares”.
Contato: bian07@yahoo.com.br | Facebook: bianchiniodontologia | Instagram: @bianchini_odontologia