Periodontite e peri-implantite: quando realizar radiografia?

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Se o exame clínico levantar dúvidas sobre a evolução da doença, os exames de imagem devem ser indicados. (Imagem: Depositphotos)
Importante opção em diagnósticos de periodontite e peri-implantite, a radiografia deve ser feita com segurança. Confira dicas de Marco Bianchini.

A decisão de quando e com qual frequência devemos realizar exames de imagens nos pacientes que apresentam doenças periodontais e peri-implantares passa diretamente pela existência da real necessidade de expor essas pessoas a doses desnecessárias de radiação. Embora a evolução tecnológica venha trabalhando na diminuição do tempo de exposição dos pacientes aos exames de imagem, os padrões de radiação exigem que todas as exposições sejam clinicamente justificadas, evitando a realização destes exames sem uma necessidade real, e que não contribuam para o cuidado da saúde dos pacientes1-2.

Não existe um consenso entre os pesquisadores sobre um intervalo específico de repetição de radiografias para monitoramento dos pacientes com doenças periodontais e peri-implantares. Ainda não há evidências suficientemente claras para apoiar quaisquer recomendações com relação à frequência de radiografias feitas por razões periodontais e peri-implantares. No entanto, parece lógico que as características clínicas da doença, a taxa prevista de progressão da doença e a idade dos pacientes possam ser fatores importantes na determinação dos intervalos apropriados para o acompanhamento radiográfico periodontal e peri-implantar2.

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É bastante comum que os clínicos busquem diretrizes gerais que possam ser aplicadas em todos os pacientes, para decidir quando e com qual frequência devemos realizar um exame de imagens. No entanto, o momento ideal para fazer este tipo de exame é ditado por sua finalidade. Ou seja, o clínico deve entender a razão da realização do exame e saber que essa decisão depende de fatores individuais de cada paciente1.

Assim, mesmo confiando no exame clínico, os profissionais devem estar conscientes de que a sensibilidade de radiografias para detecção de alterações ósseas melhora significativamente quando imagens de alta qualidade são produzidas. Esta alta sensibilidade de imagens é particularmente útil para a avaliação de resultados de terapias regenerativas, em que a detecção precoce de pequenas mudanças pode afetar o manejo futuro dos pacientes3.

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O uso rotineiro de qualquer tipo de imagem, com base em um cronograma e em padrões pré-definidos, pode não atender às necessidades de cada paciente especificamente. Desta forma, a decisão de realizar radiografias ou qualquer outro exame de imagem deve ser precedida por um exame clínico periodontal apurado e a revisão de informações e radiografias já existentes no prontuário dos pacientes. Tradicionalmente, os exames de imagens são realizados em três momentos: no diagnóstico inicial, logo após o tratamento e durante a terapia de suporte.

A obtenção de imagens nestas três etapas geralmente fornece informações adequadas para toda a fase de manutenção do paciente, pois configuram o marco zero (baseline) de cada indivíduo que está sendo tratado. Desta forma, o profissional terá condições de comparar as imagens que foram feitas no diagnóstico com aquelas que foram tomadas logo após o tratamento e, principalmente, com aquelas que serão tomadas durante todo o acompanhamento clínico do paciente ao longo dos anos, na conhecida terapia de suporte.

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Vale lembrar ainda que os mesmos critérios de justificação de um exame radiográfico usados na avaliação pós-cirúrgica de um tratamento se aplicam durante a fase de manutenção de curto e longo prazo. Quando os sinais clínicos fornecem informações suficientes sobre a saúde periodontal e peri-implantar do paciente, não há necessidade de documentação radiográfica ou exames de imagens adicionais. Entretanto, se o exame clínico levantar dúvidas sobre a evolução da doença, os exames de imagem podem e devem ser indicados.

Por fim, devemos compreender que a terapia de manutenção pode se estender durante muitos anos, principalmente em pacientes com doenças periodontais e peri-implantares mais destrutivas. Estas situações exigirão a tomada de imagens mais regulares (a cada dois anos, por exemplo), pois podem ocorrer alterações importantes nas regiões que estão sendo monitoradas. Se o clínico não tiver em mãos as radiografias iniciais feitas durante o diagnóstico e planejamento, bem como as imagens feitas logo após o tratamento que foi realizado, não haverá parâmetros para fins comparativos da evolução ou estagnação da doença.

Referências

  1. Imaging methods in periodontology. Periodontol 2000 2004;34:34-48.
  2. Tugnait A, Clerehugh V, Hirschmann PN. The usefulness of radiographs in diagnosis and management of periodontal diseases: a review. J Dent 2000;28(4):219-26.
  3. Scarfe WC, Azevedo B, Pinheiro LR, Priaminiart M, Sales MAO. The emerging role of maxillofacial radiology in the diagnosis and management of patients with complex periodontitis. Periodontol 2000 2017;74(1):116-39.

“Certa noite, Paulo teve uma visão em que o Senhor lhe disse: – Não tenha medo! Pelo contrário, fale e não fique calado, porque eu estou com você, e ninguém ousará lhe fazer mal, pois tenho muito povo nesta cidade. Assim, Paulo permaneceu em Corinto um ano e seis meses, ensinando entre eles a palavra de Deus.” (Atos 18:9-11)

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