Fotografias e vídeos como ferramentas de diagnóstico na Odontologia

fotografias e vídeos na Odontologia
Fotografias e vídeos também ajudam na avaliação do “antes e depois” do tratamento na Odontologia. (Imagem: Depositphotos)
Marco Bianchini analisa a crescente utilização de avaliações virtuais, com fotografias e vídeos, um caminho sem volta na Odontologia.

Quando ingressamos na universidade de Odontologia, no curso de graduação, logo aprendemos que necessitamos de três pilares básicos para executar um bom diagnóstico: anamnese, exame clínico e exame radiográfico. Neste caso, ouvir as queixas do paciente, verificando a sua história médica, e realizar um minucioso exame clínico seguido de um perfeito exame de imagens (radiografias convencionais e tomografias), seriam as pedras fundamentais para não se errar no diagnóstico.

Desta forma, o diagnóstico é o primeiro passo em direção à resolução do problema apresentado pelo paciente. Para o correto diagnóstico, precisamos lançar mão de técnicas de avaliação clínica específicas, associadas a exames complementares, com a correta interpretação dos exames de imagem. Estes exames referem-se a testes laboratoriais de sangue e urina, bem como avaliações cardíacas, que visam verificar as condições gerais do paciente detectadas na anamnese.

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A somatória de todos estes exames (anamnese, exame clínico, exame de imagens e exames complementares) visa localizar o problema, identificar a sua etiologia, observar as possíveis áreas de risco de instalação das doenças e estabelecer um plano de tratamento que vise o restabelecimento da saúde. Em um passado não muito distante, a tomada de todos estes exames exigia algumas visitas presenciais do paciente no consultório odontológico. Contudo, atualmente, este processo está bem mais dinâmico e, de certa forma, pouco presencial.

Com a evolução tecnológica e a universalização das imagens digitais via telefones celulares, as fotografias e vídeos tornaram-se também uma ferramenta de diagnóstico muito potente, usadas não só pelos profissionais, mas também pelos pacientes. Este tipo de avaliação virtual, que se utiliza de ferramentas digitais, ingressou forte no meio odontológico e parece ser um caminho sem volta. Realizar avaliações não presenciais, on-line, em tempo real, é algo que parecia ser impossível na Odontologia de décadas atrás. No entanto, a prática tornou-se totalmente viável nos dias de hoje, com a ajuda das fotografias e vídeos digitais captados pelos telefones celulares.

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A pandemia de Covid-19, que nos assola desde março de 2020, contribuiu muito para acelerar a utilização dos meios digitais, como fotos e vídeos, a fim de possibilitar a realização de consultas sem a necessidade da presença física do paciente. Muitos preferem enviar todos os seus exames para o profissional de maneira digitalizada, via canais de comunicação on-line, como o WhatsApp, ou mesmo por e-mail. Desta forma, o profissional de Odontologia recebe radiografias, tomografias, exames complementares, fotografias clínicas e vídeos descrevendo o problema que o paciente possui, facilitando o diagnóstico e o planejamento da provável intervenção que será necessária.

As fotos e vídeos também ajudam muito na avaliação do “antes e depois” do tratamento, e no aprimoramento de técnicas de trabalho, pois a imagem geralmente tem proporções maiores do que o natural, mostrando nitidamente detalhes e defeitos que muitas vezes não são vistos clinicamente. Além disso, as fotografias e vídeos auxiliam ainda na descrição de cor, forma e textura da gengiva, como também outras alterações mais específicas na Odontologia (especialmente na Periodontia e na Implantodontia) que necessitam de procedimentos cirúrgicos, como as recessões gengivais, envolvimento do freio, perda de papila e discromias gengivais.

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Vale lembrar que a principal razão da consulta presencial, na visão do paciente, é a avaliação da sua queixa principal, que será esclarecida pelo relato pessoal do próprio paciente, associada às imagens do problema. Estas imagens podem ser feitas em tempo real, presencialmente, ou através de fotos e vídeos. Somente após o entendimento da queixa principal, associada aos sinais e sintomas da doença, é que poderá ser exposto um plano de tratamento adequado.

Obviamente, as imagens não substituem totalmente o exame clínico presencial, mas ajudam muito no entendimento da queixa principal do paciente e aceleram o diagnóstico, uma vez que o profissional já tem uma boa noção do que irá enfrentar antes mesmo do paciente sentar na cadeira odontológica. Casos mais simples poderão ser identificados precocemente, acelerando o tratamento e otimizando a necessidade de muitas visitas presenciais, sejam elas para um diagnóstico inicial ou para um controle pós-operatório, em que as imagens iniciais possam ser comparadas com a situação atual de cada paciente.

Assim, o mundo on-line virtual e as ferramentas digitais, como fotografias e vídeos, adentraram em nossos consultórios sem pedir licença, tornando-se um caminho sem volta na Odontologia, quer queiramos ou não. Caberá à classe odontológica se adaptar e regulamentar estas mudanças, a fim de evitar exageros, principalmente porque, felizmente, os tratamentos ainda devem ser feitos na boca dos pacientes, e não apenas no computador.

“Eu sou o Senhor, e não há nenhum outro; além de mim não há Deus. Eu o fortalecerei, ainda que você não tenha me conhecido, de forma que do nascente ao poente saibam todos que não há ninguém além de mim. Eu sou o Senhor, e não há nenhum outro. Eu formo a luz e crio as trevas, promovo a paz e causo a desgraça; eu, o Senhor, faço todas essas coisas.” (Isaías 45:5-7)

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