Quais materiais usados para dar polimento na cerâmica?

“Chefe, mas essa sua graxa aí é boa mesmo?”. Paulo Rossetti debate a importância de materiais cerâmicos e de polimento na Reabilitação Oral.

O século 21 é de transformações – fato concreto. Os tradicionais engraxates, já ameaçados pelas escovas automáticas de alguns hotéis e aeroportos, encontram-se praticamente desaparecidos em meio à pandemia. Entretanto, devemos reconhecer que a famosa frase “vai uma graxa aí, doutor?” é bem-vinda aos nossos tão sofridos “pisantes”, e limpar o corpo do sapato para dar aquele brilho final realmente demanda a “arte da paciência”.

Mas esse lance de graxa, pasta, escova e polimento sempre esteve presente na Odontologia, rodeado por dúvidas. Normalmente, dentro da reabilitação oral, sempre nos concentramos mais na estética (linha média, corredor bucal, sorriso, dimensão vertical). Entretanto, a escolha do material que vai na superfície oclusal, bem como seu acabamento e polimento, também é importante.

Um artigo de 2014 (DOI:10.1016/j.prosdent.2013.06.002) mostrou que zircônias monolíticas CAD/CAM anatômicas possuem comportamento similar e apresentam menos desgaste. Nos testes de mastigação simulada em laboratório (por um ano), quando uma camada de cerâmica feldspática é aplicada sobre a zircônia, sua rugosidade superficial fica 2,5 vezes maior. Por outro lado, a perda de volume no antagonista (dentes pré-molares intactos) fica cinco vezes maior. Uma camada de glaze neste tipo de zircônia não influenciou sua rugosidade final, mas afetou a perda de volume no antagonista (esmalte).

Detalhe: a “graxa” utilizada na cerâmica feldspática foi o carbeto de silício, seguido de discos de papel de granulações 500 e 1.500.

Sejamos mais curiosos! Por favor, vamos passar um WhatsApp para os nossos técnicos e perguntar: “Quais materiais vocês usam para dar polimento na cerâmica? E na zircônia monolítica?” A resposta será objetiva, porém variada. O mercado é vasto, com diferentes marcas, composições e granulações. Não haverá uniformidade para o tipo de cerâmica feldspática usada, tampouco para o material de polimento.

Sejamos mais curiosos ainda! Nós sabemos que ninguém vai medir clinicamente a quantidade de desgaste no antagonista de esmalte usando um scanner laser 3D, como o do estudo acima. Porém, nada impede de aplicar um silicone de adição e, se você tiver alguém que entende/trabalha com microscopia eletrônica de varredura, pedir para ele fazer uma réplica positiva e examinar o que está acontecendo com as pontas das cúspides e as superfícies oclusais. Imagine fazer isto uma vez todo ano por cinco anos seguidos. Quem sabe a gente não consegue ter uma visão diferente sobre os materiais cerâmicos e de polimento?

Mas não se esqueça: escolha a melhor graxa e capriche no brilho do seu sapato. O dia do dentista está chegando!

Parabéns!

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