Por que as medidas das sondas periodontais são diferentes?

Desde 2012, quando comecei a escrever esta coluna, vários foram os textos em que abordei este tema de sondagem periodontal ou peri-implantar. Como um bom periodontista raiz, meu estojo clínico diário contempla sempre uma sonda periodontal. Considero quase que uma heresia realizarmos um exame clínico sem uma sonda periodontal. Contudo, apesar de já ter pesquisado este tema e conversado com muitos colegas, nunca encontrei uma resposta sobre a razão das sondas periodontais terem medidas tão diferentes entre si.

A sonda periodontal preconizada como ideal pela Organização Mundial de Saúde (OMS) foi desenvolvida em 1978, e segue alguns  parâmetros  dimensionais padronizados, evitando-se assim erros que possam ser gerados por diferenças no próprio instrumento: a) ter um cabo com diâmetro de 3,5 mm e peso máximo de 4,5 g; b) mostrar marcações corretas e padronizadas de milimetragem; c) ter um diâmetro de 0,25 mm na união da esfera com a ponta ativa, d) possuir uma esfera no final de sua ponta ativa com 0,5 mm de diâmetro. Para este tipo de sonda, a pressão de sondagem recomendada é de 15 a 25 gramas. Além da sonda da OMS, temos outros tipos de sondas que podem variar bastante nas suas medidas, conforme está demonstrado na figura 1.

Quando realizamos uma sondagem de uma bolsa periodontal (BP), dois objetivos são colocados em prática: o registro da profundidade de sondagem (PS) e o nível clínico de inserção (NIC) ao redor de cada dente. Torna-se necessário que o clínico tenha o pleno conhecimento destes elementos, para que se compreenda a relação dos mesmos com a saúde e doença periodontal, além de entender o porque das medidas de sondagem.

Bolsa periodontal (BP): São sulcos gengivais aprofundados patologicamente, que se desenvolvem em sítios infectados.

Profundidade de sondagem (PS): é a distância da margem gengival até a base da bolsa.

Nível clínico de inserção (NIC): é a distância da junção cemento-esmalte até a base da bolsa. A figura 2 ilustra as medidas de profundidade a sondagem e nível clínico de inserção.

Basicamente, a sondagem periodontal consiste na inserção da sonda periodontal de forma delicada, paralelamente ao eixo vertical do dente e em torno de cada superfície do mesmo, para detectar áreas de penetração mais profundas. Todos estes registros da sondagem das faces dos dentes (mesial, distal, vestibular e lingual/palatal) devem ser então armazenados na ficha periodontal, conhecida como periograma. Desta forma, independente da sonda que estamos utilizando, o que importa é realizarmos uma leitura correta da profundidade de sondagem que estamos observando. A figura 3 ilustra uma sondagem clínica precisa.

Sabemos muito bem que o método mais preciso para detectar clinicamente e medir o sulco gengival e as bolsas periodontais é a exploração cuidadosa destes componentes anatômicos do dente ou do implante com uma sonda periodontal. Este exame de sondagem do sulco gengival consiste na introdução delicada de uma sonda previamente desenhada, que penetre adequadamente no sulco. Infelizmente, muitos clínicos ainda não têm como rotina a realização deste exame ou o realizam sem saber exatamente o que estão realmente sondando

Ao que tudo indica, as diferentes marcações encontradas nos diversos tipos de sondas existentes no mercado visam sempre dar mais ênfase nas maiores profundidades, especialmente naquelas maiores do que 3 milímetros, que já denotariam, na maioria dos casos, uma perda de inserção. Contudo, eu ainda não encontrei uma resposta que me satisfaça totalmente, para entender a razão de termos marcações de 3 em 3 milímetros ou de se pular as marcações de 4 e 6 milímetros na maioria das sondas que encontramos no mercado. Se alguém quiser contribuir nas respostas é só mandar mensagens pelo Instagram.