Por que o osso sobe em direção ao pilar protético?

osso em direção ao pilar protético
Marco Bianchini apresenta caso clínico com implante instalado há seis anos, em que o osso vai em direção ao pilar protético. Afinal, por que isso acontece?

Esta é uma pergunta que eu me faço com frequência, especialmente quando me deparo com casos de formação óssea além da cabeça do implante, com o osso indo em direção ao pilar protético. E foi exatamente isto que aconteceu na semana passada, quando eu estava realizando um controle clínico e radiográfico em um paciente que havia colocado alguns implantes há seis anos. Um dos implantes que eu havia colocado teve uma formação óssea surpreendente, indo além da plataforma do implante, em direção ao pilar protético. As Figuras 1 a 4 ilustram o caso.

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A estabilidade marginal dos implantes já está consagrada na literatura há muitas décadas. Salvo os nossos casos de peri-implantite, que insistem em nos perseguir, a maioria dos implantes tem um bom comportamento intraósseo ao longo dos anos. Existem pequenas perdas ósseas, aqui ou acolá, mas que não comprometem o sucesso do tratamento. Com o passar do tempo, algumas espiras perdem osso, mas isto é considerado normal, afinal os implantes também envelhecem.

Contudo, o que vem ocorrendo, principalmente em implantes de plataforma switching ou cone-morse, é que em alguns destes casos observa-se uma intensa formação óssea junto à plataforma do implante e também no pilar protético. Qual seria a razão destes acontecimentos? Por que isto não acontece em todos os casos?

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Acredito que esta formação óssea junto aos pilares protéticos tem muito a ver com as distâncias biológicas peri-implantares. Assim como nos dentes naturais, o espaço biológico nos implantes abriga os componentes do selamento biológico natural: sulco peri-implantar, epitélio juncional e inserção conjuntiva. Estes componentes necessitam de um espaço livre, sem osso, para se adaptarem. Nos dentes naturais, isto ocorre no cemento radicular, aproximadamente 3 mm abaixo da junção cemento-esmalte. Nos implantes, esta mesma distância parece ocorrer nos pilares protéticos ou na própria plataforma. A Figura 4 ilustra esta relação.

Alguns autores acreditam que o respeito ao espaço biológico peri-implantar ocorre mais facilmente em implantes com plataforma cone-morse, que, devido à conformação de seus pilares protéticos com cintas metálicas mais estreitas e longas, teriam uma maior facilidade em acomodar o epitélio juncional e a inserção conjuntiva, protegendo o osso, que acaba cobrindo a plataforma do implante. Contudo, embora com um pouco menos de intensidade, estes fenômenos também são observados em implantes com plataformas hexagonais, sejam elas internas ou externas.

Acredito que a formação óssea sobre a plataforma dos implantes – ou em direção aos pilares protéticos – tem muito a ver com a posição intraóssea que instalamos os nossos implantes e também com a altura da cinta metálica dos pilares. Cintas lisas, estreitas e mais longas tendem a acomodar melhor os componentes do espaço biológico peri-implantar (inserção conjuntiva e epitélio juncional), protegendo mais o osso peri-implantar, independentemente da utilização de plataforma switching, cone-morse ou hexagonal.

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A área de transição do meio intraósseo para o meio intraoral é, sem dúvidas, a região de maior risco na Implantodontia. Assim, existe uma tentativa frequente do organismo em organizar esta área de transição do implante para a coroa protética. Posicionar adequadamente os nossos implantes dentro do osso e utilizar pilares protéticos bem desenhados diminui os riscos de perdas ósseas precoces, além de facilitar o vedamento biológico peri-implantar. Vale lembrar que os implantes tentam desesperadamente imitar o comportamento dos dentes naturais hígidos, onde tudo funciona de uma maneira divinamente perfeita.

“Portanto, cada um de nós agrade ao próximo no que é bom para edificação. Porque também Cristo não agradou a si mesmo; pelo contrário, como está escrito: ‘Os insultos dos que te insultavam caíram sobre mim’. Pois tudo o que no passado foi escrito, para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança.” (Romanos 15:2-4)

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