Preservação alveolar: o que há de novo?

Marco Bianchini mostra que uma ampla variedade de modalidades de técnicas de preservação alveolar pós-extração vem sendo propostas pela literatura.

A atrofia do rebordo alveolar após uma exodontia pode influenciar negativamente as terapias de reabilitação oral com próteses suportadas por implantes. Dependendo da extensão e magnitude das alterações dimensionais pós-extração, procedimentos de aumento do rebordo, como regeneração óssea guiada, enxerto de osso autógeno em bloco ou outros procedimentos cirúrgicos extensos, são necessários antes ou no momento da colocação do implante. No entanto, apesar de apresentarem bons resultados, esses procedimentos têm sido relacionados com o aumento da morbidade, custo e duração da terapia.

Com o objetivo de evitar procedimentos regenerativos extensos, uma ampla variedade de modalidades de técnicas de preservação alveolar pós-extração, por meio de enxerto e/ou vedação de alvéolo, vem sendo propostas pela literatura. Na maioria dos casos, o selamento do alvéolo utiliza um material de barreira (autógeno ou exógeno) para cobrir o alvéolo. A barreira facilita a exclusão de células epiteliais e bacterianas, permitindo que as células osteogênicas migrem e formem osso dentro do alvéolo.

Estas situações de preenchimento do alvéolo com materiais de enxerto e a cobertura deste material com uma membrana (barreira) exigem que ela seja totalmente recoberta pelos tecidos moles originais da área. Esta exigência se baseia na teoria de que a exposição precoce da membrana ao ambiente oral poderia levar à colonização bacteriana da área e promover a degradação prematura, comprometendo os resultados finais das terapias de regeneração e preservação alveolar.

Na contramão destas evidências de fechamento do alvéolo pós-extração com barreiras totalmente submersas, outros estudos mostraram que o fechamento primário da ferida pode não ser tão necessário para o gerenciamento eficaz dos locais pós-extração usando membranas expostas ao meio bucal. Estes estudos comprovam que a exposição proposital de membranas, que são colocadas em uma posição mais favorável, tem sido relacionada a uma maior taxa de regeneração óssea e de formação de mucosa ceratinizada, em comparação com membranas totalmente recobertas pelos tecidos moles originais. As figuras 1 a 3 ilustram um caso de preservação alveolar com exposição proposital da membrana.

Embora os resultados clínicos desta exposição proposital de membranas seja bastante promissor, há ainda a falta de evidências sobre os mecanismos de reparo e o perfil local de moléculas relacionadas ao reparo ósseo, quando membranas são usadas de forma exposta ao meio bucal. Não há ensaios clínicos controlados avaliando parâmetros críticos, como reabsorção óssea alveolar linear e volumétrica, resultados relacionados ao implante, que necessariamente é colocado no alvéolo e avaliação de marcadores relacionados ao osso. Mesmo com essas limitações, é inegável que existe uma tendência forte de se utilizar membranas propositalmente expostas a fim de melhorar a qualidade da preservação alveolar.

Colaboração: Dr. Edson Ken Matumoto
Doutorando em Odontologia pela Universidade Paulsita (Unip).

Referências

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“E o Senhor levantará a sua voz diante do seu exército; porque muitíssimo grande é o seu batalhão; porque são valentes os que executam a sua palavra; porque o dia do Senhor é grande e terrível! Quem o poderá suportar?” (Joel 2:11)

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