Marco Bianchini ajuda os cirurgiões-dentistas a determinarem o tamanho do estoque de implantes para uma prática segura.
Uma das situações mais desagradáveis que todos nós, implantodontistas, já vivemos é aquela em que estamos realizando uma cirurgia de colocação de um ou mais implantes e aquele implante que planejamos colocar não é exatamente o ideal para aquela situação. São aqueles casos que erramos no planejamento e vamos ter que colocar um outro implante, com medidas diferentes daquele que havíamos selecionado. Nestas situações, é imprescindível que tenhamos implantes com as mais variadas dimensões no nosso estoque, a fim de resolvermos estes contratempos.
Se não tivermos um estoque mínimo de implantes em nossos armários, vamos cair naquela situação desagradabilíssima de ter que interromper a cirurgia, ligar para o fornecedor e ficar aguardando o novo implante chegar. Sem falar naquele nosso vizinho implantodontista, concorrente direto que não gostamos muito de pedir favores, mas que, numa situação dessas, é o caminho mais rápido para solicitarmos um empréstimo emergencial de um implante que não temos no nosso estoque.
Muitos colegas alegam que a solução para este problema é sempre ter um bom estoque de implantes em nossas clínicas. Entretanto, estocar implantes em grande quantidade pode ser bastante dispendioso, além de aumentar o risco da não utilização desses materiais, em especial por conta do prazo de validade. Dentro deste contexto, a pergunta básica que sempre nos fazemos é: qual o estoque mínimo de implantes que devo ter?
Se fizermos uma pesquisa básica em sites de gestão, e adaptarmos estas informações para o nosso dia a dia de implantodontistas, vamos encontrar as seguintes informações: o estoque mínimo é a quantidade mínima de implantes que devemos ter até o momento de solicitar uma nova compra do fornecedor. O cálculo pode ser feito com a fórmula: estoque mínimo = consumo médio mensal x tempo de reposição e, para realizar este cálculo de forma precisa, é necessário já possuir duas informações: média de implantes colocados por mês e o prazo de entrega do fornecedor.
Confesso a vocês que não gosto muito destas fórmulas prontas de gestores de Odontologia. Acredito que a nossa profissão, especialmente a nossa especialidade de Implantodontia, possui algumas varáveis que podem fazer estas fórmulas naufragarem. Assim, eu gosto muito de definir o estoque mínimo de implantes de uma maneira bastante simplista: estoque mínimo de implantes é a quantidade mínima de implantes que deve ser armazenada para evitar qualquer possibilidade de falta durante as cirurgias.
Encontrar este número mágico do estoque mínimo é que é um pouco difícil. Então, para descobrir qual seria o seu estoque mínimo, você precisa conversar com o seu fornecedor e saber quais as dimensões do implante que você mais utiliza e quais são as dimensões do implante que se adapta na maioria dos casos que você realiza. Munido destas duas informações, você irá conseguir armazenar os implantes que vão solucionar a maioria dos seus casos.
Particularmente, eu já identifiquei as dimensões dos implantes que eu mais uso e aqueles que se encaixam na maioria das situações que eu realizo. Os implantes cone-morse de 3.5 x 9 e os de hexágono externo de 3.75 x 11.5 (ambos da Implacil De Bortoli – São Paulo – Brasil) são os que eu tenho mais estocados. São estes que resolvem a maioria dos meus casos. Obviamente que cada profissional deve avaliar os seus casos e encontrar o seu implante “coringa”, que deve ser estocado em maiores quantidades.
Não controlar as quantidades de estoque mínimo de implantes pode trazer graves riscos e consequências. Uma delas é a de você “adaptar” um implante que não seria o ideal para aquela situação, mas é o que você tem no estoque. Isto pode acarretar falhas e resultados insatisfatórios na parte protética. Contudo, o maior dos riscos é deixar o paciente esperando com a boca aberta, até que você consiga o implante ideal para aquela situação. A possibilidade de você perder esse cliente passa a ser muito grande, em função do desconforto a que o mesmo foi submetido.
“Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” (Mateus 6:19-21)
Marco Bianchini
Professor titular das disciplinas de Periodontia e Implantodontia do Departamento de Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); autor dos livros “O Passo a Passo Cirúrgico na Implantodontia” e “Diagnóstico e Tratamento das Alterações Peri-Implantares”.
Contato: bian07@yahoo.com.br | Facebook: bianchiniodontologia | Instagram: @bianchini_odontologia