Utilização da fibrina rica em plaquetas (PRF) na Implantodontia 

Na prática clínica, a instalação de implantes dentários em regiões edêntulas frequentemente enfrenta o desafio da reabsorção óssea pós-exodontia, resultando em redução significativa da altura e espessura da crista alveolar. Essa condição anatômica desfavorável pode comprometer a estabilidade primária dos implantes e, consequentemente, a previsibilidade do processo de osseointegração.

A estabilidade dos implantes dentários, tanto primária (mecânica) quanto secundária (biológica), é um requisito indispensável para que estes possam suportar adequadamente as cargas funcionais transmitidas por próteses fixas ou próteses removíveis. Para atingir tal objetivo, é imprescindível que o leito receptor apresente volume ósseo adequado, o que nem sempre é encontrado em regiões alveolares atróficas.

A fibrina rica em plaquetas (PRF) tem sido amplamente estudada como um biomaterial auxiliar ou substituto em procedimentos de regeneração óssea, especialmente em cirurgias voltadas à reabilitação com implantes dentários. Trata-se de uma matriz tridimensional composta por uma rede de fibrina autóloga rica em plaquetas e leucócitos, obtida sem a adição de agentes anticoagulantes ou trombina, conforme descrito por Choukroun et al. (2001).

A PRF promove a proliferação, migração, adesão e diferenciação osteogênica de diversos tipos celulares, além de estimular vias de sinalização intracelular associadas ao reparo tecidual (ZHANG et al., 2021). Adicionalmente, observa-se sua capacidade de modular a resposta inflamatória, suprimir a osteoclastogênese e induzir a expressão de fatores de crescimento como TGF-β1, PDGF e VEGF em células-tronco mesenquimais (DUAN et al., 2020), o que a torna um recurso valioso em protocolos de Implantodontia.

Diante desse cenário, a associação da PRF com biomateriais osteocondutores, como enxertos ósseos autógenos, alógenos e xenógenos, tem sido proposta como uma estratégia eficaz para a regeneração óssea guiada. A PRF atua não apenas como veículo de liberação gradual de citocinas e fatores de crescimento, mas também como um arcabouço biológico que favorece a angiogênese e a formação de tecido ósseo neoformado.

As aplicações clínicas da PRF incluem procedimentos como levantamento de seio maxilar, preservação alveolar, aumento de rebordo e reconstruções ósseas em zonas críticas para posterior instalação de implantes dentários (Miron et al., 2024). Em suma, o uso da PRF na Implantodontia representa uma abordagem terapêutica promissora, que alia princípios da biotecnologia regenerativa à prática clínica contemporânea, com o objetivo de otimizar os resultados funcionais e estéticos das reabilitações orais.

Conclui-se, portanto, que a PRF vai além de um simples coadjuvante no processo de cicatrização, configurando-se como um recurso inovador capaz de favorecer a regeneração óssea, otimizar a osseointegração e ampliar a previsibilidade dos implantes dentários. Assim, sua aplicação representa um avanço importante para a Implantodontia, contribuindo para maior eficiência e longevidade nos tratamentos reabilitadores (MOURÃO et al., 2020).