Como estão seus implantes antigos?

implantes antigos
Marco Bianchini debate as taxas de sucesso e sobrevivência dos implantes antigos. Afinal, um implante dentário pode durar a vida toda?

Como estão seus implantes antigos? Esta é uma pergunta que pode ser feita entre implantodontistas que desejam falar sobre os seus pacientes, mas também pode ser feita pelos próprios pacientes. Saber como andam os implantes após um período mais longo de tempo é um desejo geral, tanto de profissionais quanto de pacientes. Afinal, o sonho de ambos é – ou pelo menos deveria ser – que os implantes durem por toda a vida.

Profissionais e pacientes sabem que o sucesso e a sobrevivência dos implantes dentários têm sido bem descritos na literatura, mostrando taxas promissoras para a substituição de elementos dentários perdidos com reabilitações implantossuportadas. Contudo, as expectativas dos pacientes em relação ao tratamento a longo prazo são geralmente mais altas do que as dos profissionais. Alguns autores citam que entre 70% e 75% dos pacientes com implantes dentários esperam que seja um tratamento que dure a vida toda e que, depois de colocados, não apresentem riscos ou complicações.

A maioria dos implantodontistas já sabe que o conjunto de próteses implantossuportadas pode estar sujeito a complicações mecânicas, assim como os tecidos peri-implantares a complicações biológicas. Desta forma, fica impossível para um implantodontista acreditar que o seu tratamento vai durar a vida inteira. A não ser que, pelos infortúnios da vida, o paciente venha a óbito prematuramente, após concluir o tratamento.

Estudos de implantes dentários a curto e médio prazo têm sido bastante publicados na literatura científica. No entanto, estudos com avaliações a longo prazo são escassos. Apesar de não existir um consenso em Implantodontia sobre o tempo em função considerado como longo prazo, estudos que incluem períodos mínimos de cinco a dez anos são bem aceitos na comunidade acadêmica. De forma interessante, estes estudos mostram que a taxa de sucesso dos implantes dentários não é igual ou tão alta quanto a da sobrevivência, demonstrando que muitos implantes “sobrevivem” na boca por muitos anos, mas em condições não tão saudáveis.

Vários fatores locais e sistêmicos podem afetar a taxa de sucesso e de sobrevivência dos implantes. A determinação destes fatores, que podem estar relacionados às características do paciente, implante e/ou próteses e manutenção, é importante para analisar a previsibilidade do sucesso de um implante. Por isso, tanto profissionais quanto pacientes precisam estar atentos e entender que uma reabilitação com implantes envolve um emaranhado de variáveis, que podem influenciar diretamente na vida útil dos implantes em longo prazo.

Um dos fatores que têm uma influência direta no sucesso e sobrevivência dos implantes dentários são as doenças peri-implantares (mucosite e peri-implantite). Sabe-se que a taxa de prevalência das doenças peri-implantares varia consideravelmente na literatura, dificultando a interpretação dos dados pelos clínicos. Além disso, o grau de heterogenicidade dos estudos encontrados é alto em razão das distintas definições de casos das doenças peri-implantares. Na verdade, apesar de já existir uma classificação das doenças peri-implantares, ainda persistem muitas dúvidas sobre a real diferença entre uma perda óssea patológica e uma perda óssea fisiológica normal que ocorre pelo tempo de uso do implante. As Figuras 1 a 4 ilustram um caso com perdas ósseas e um acompanhamento de 15 anos.

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Figuras 1 e 2 – Radiografias periapicais feitas imediatamente após a cirurgia de segundo estágio (Figura 1) e após oito anos em função (Figura 2), demonstrando a perda óssea completa do implante da região do elemento 36.

 

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Figuras 3 e 4 – Radiografias periapicais feitas dez anos após a colocação dos implantes (Figura 3) e 15 anos após (Figura 4). Observar as leves modificações do osso peri-implantar do implante 34 após a remoção do implante 36, perdido sete anos antes.


Saber interpretar as modificações que ocorrem no conjunto implante-prótese após cinco anos ou mais é um desafio importante para os implantodontistas. Não se pode exigir um padrão ósseo e gengival idêntico ao redor de um implante que está em função há um ano e de outro que está há dez anos recebendo carga. Assim como os dentes naturais, os implantes também envelhecem e, apesar do metal parecer o mesmo, os tecidos que o circundam sofrem o mesmo processo de envelhecimento que ocorre em todas as demais estruturas do nosso corpo.

Cabe ao clínico entender que o envelhecimento natural por si só não é uma doença. Entretanto, o desgaste natural das estruturas do corpo humano e o enfraquecimento de alguns órgãos, que ocorre com a idade, podem ter influência nos implantes dentários. Observar atentamente os sinais e sintomas de implantes que estão há muito tempo em função, sabendo diagnosticar e tratar aquilo que realmente é doença e necessita de tratamento, vai prolongar o tempo de vida de nossas reabilitações implantossuportadas, além de trazer um maior conforto e satisfação aos nossos pacientes.

Peço igualmente aos jovens: estejam sujeitos aos que são mais velhos. Que todos se revistam de humildade no trato de uns com os outros, porque “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.” (1 Pedro 5:5)

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