Ué? Mas tem metal no nosso corpo? No post anterior, falei do titânio, que é um metal e a reação de corpo estranho. Esta hipótese está deixando muito gente de cabelo em pé. E também despertando a curiosidade: que lance é esse de metal no nosso corpo? Ficção ou realidade?
Bem, até o momento, os melhores livros de Biologia mostram que o ser humano funciona bem com 25 elementos. A tabela periódica tem mais de 100 elementos, mas pra gente bastam 25. Destes, 23 são essenciais ao nosso funcionamento, sendo que os outros dois ainda são suspeitos (Boro e Silício – os semimetais). O ponto é: neste pacote dos 25, apenas 13 (e eu disse 13), são metais, e correspondem à 0,9% no organismo. Os outros 10 não são metais, mas correspondem à 99% no nosso organismo! Afinal, somos conhecidos como “vidas a base de carbono”, enquanto os chips dos computadores são as “vidas à base de silício”.
Metais são substâncias que formam ligações metálicas e, ao contrário do que se possa imaginar, nem todos são sólidos à temperatura ambiente, mas é a primeira coisa que surge quando pensamos nesta palavra.
Se vocês olharem a tabela abaixo, vão perceber que os metais (em cinza) apresentam funções vitais na raça humana: transmissão dos impulsos nervos e controle do sistema nervoso, funcionamento da musculatura do coração e do esqueleto, formação de enzimas, controlam hormônios, estão presentes nas células vermelhas do sangue, eritropoiese.
Por exemplo, você sabia que o Manganês (Mn) reside no tecido ósseo? E que o líquido extracelular contém mais íons Na (metal) e Cl (não metal), enquanto que o interior da célula está repleto de íons K (metal), Mg (metal), e P (não metal)?
Em algumas ocasiões, o papel do íon metálico é tão importante que, sem ele, o DNA não é posto para funcionar. Veja o zinco, por exemplo: ele é o elemento estabilizador da proteína conhecida como “zinc finger”. No organismo, uma zinc finger pode pertencer ao grupo dos fatores de transcrição. Ou seja, ela se liga ao DNA dizendo para produzir componentes do sistema ósseo. Se tirarmos o zinco, a configuração desta proteína perde estabilidade, nada de ativar o DNA, nada de osso! Esta proteína é conhecida com osterix que ela leva o osteoblasto à diferenciação.
O titânio não é um metal essencial ao ser humano, mesmo que na tabela periódica se apresente na mesma linha do Crômio, Ferro, Cobalto, Níquel e Zinco. O mesmo se passa com a Zircônia, Ítrio, Paládio, Prata, embora sejam utilizados como elementos de ligas metálicas de produtos vendidos na Odontologia.
Sim, tem metal no nosso corpo. E, sem eles, muita coisa não funciona. Mas aguardem o próximo post. Voltarei ao titânio!
Paulo Rossetti
Editor científico de Implantodontia da ImplantNews.
Orcid: 0000-0002-0868-6022.