Extrações dentárias ainda são um procedimento frequente nos consultórios odontológicos do Brasil. Ao diagnosticar a necessidade de extrair um dente, quase sempre surge a dúvida: “como vou fechar este alvéolo?”. Essa pergunta ganha ainda mais importância se o caso envolver alvéolos de extração na região anterior da maxila, a zona estética.
Para responder esta questão, devemos levar em consideração três fatores: o primeiro é o risco estético que envolve, ou seja, análises quanto à altura da linha do sorriso, o grau de exigência estética do paciente, a experiência com procedimentos de manipulação dos tecidos moles, os fenótipos gengival e ósseo do paciente, e a extensão do defeito ósseo associado ao dente.
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Em segundo lugar, vale observar as alterações teciduais que podem ocorrer nos tecidos moles, como a mudança da linha mucogengival de posição, a retração ou alteração na forma da margem gengival e a perda da papila interdental.
Por fim, como terceiro fator, também é indispensável avaliar a dificuldade da técnica cirúrgica, não para um especialista com experiência em procedimentos de manipulação dos tecidos moles, mas para o clínico geral.
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Diante destas variáveis, às vezes, as decisões se tornam difíceis. E, realmente, é importante entender que cada opção apresentará vantagens e desvantagens. A Tabela 1 apresenta as técnicas mais usadas para fechamento de defeitos alveolares após exodontias, com avaliação do risco para cada uma delas. Em uma escala de 0 a 6, o valor 0 representa a melhor relação custo-benefício, com o menor risco e o melhor resultado. Na medida que os valores sobem, aumenta-se o risco e, frequentemente, os resultados tornam-se menos favoráveis.
Tabela 1 – Escores de risco relacionados à exodontia (ERRE)
Então, para fechar os alvéolos de extração, podemos optar, em primeiro lugar, por procedimentos mais simples, como exodontia convencional com suturas (Figura 1) ou a exodontia com tracionamento do retalho vestibular (Figura 2). Também é válido escolher as técnicas de fechamento mais complexas, com retalho palatino (Figura 3) ou com enxerto gengival livre (Figura 4). Levando-se em consideração que extrações em áreas estéticas deveriam ser sempre realizadas sem retalho e com o auxílio de um periótomo, para evitar o uso de suturas que resultam em alterações teciduais com alto risco estético, é possível optar pela RAPG como procedimento de primeira escolha.
Referências
Tinti C, Benfenati SP. Coronaly positioned palatal sliding flap. Int J Period Rest Dent. 1995;15(3):298-310.
Landsberg C, Bichacho N. A modified surgical/prosthetic approach for optimal single implant supported crown. Part I: the socket seal surgery. Pract Periodontics Aesthet Dent 1994;6(2):11-7.
Vidigal Jr. GM, Dantas LRF. Prosthetically-driven alveolar reconstruction: a case report. Mod Res Dent 2020;5(1). DOI:10.31031/MRD.2020.05.000605.
Guaracilei Maciel Vidigal Júnior
Especialista e mestre em Periodontia e Doutor em Engenharia de Materiais – Coppe/UFRJ; Livre-docente em Periodontia e especialista em Implantodontia – UGF; Pós-doutor em Periodontia e professor adjunto de Implantodontia – Uerj.
Orcid: 0000-0002-4514-6906.