Cicatrização de implantoplastia

A implantoplastia é a modificação da superfície do implante por meio da remoção com brocas em alta rotação e descontaminação química das espiras ou “roscas” do implante, que perderam o osso ao seu redor e ficaram expostas a contaminação bacteriana.  Esta técnica tem demonstrado resultados bastante favoráveis em vários estudos^1-4.

Este procedimento clínico provoca o alisamento das espiras expostas, deixando-as mais polidas e lisas, o que estabelece uma área trans-mucosa (espaço livre para a aderência dos tecidos moles) mais favorável, pois reduz a inflamação da mucosa peri-implantar. Esta ação acaba diminuindo a aderência do biofilme e, possivelmente, aumentando a migração de fibroblastos, fazendo com que o processo de perda óssea progressiva seja parado^2,3.

Recentemente, eu tive a oportunidade de verificar a cicatrização de uma implantoplastia “in loco”, pois realizei a colocação de um implante exatamente ao lado de outro, que havia sofrido de peri-implantite e que eu havia realizado uma implantoplastia há cinco anos. Foi uma oportunidade interessante, pois tive que abrir um retalho que se estendeu até a área da implantoplastia, e eu pude verificar qual tipo de tecido havia se formado sobre a parte do implante que modificamos a superfície, através da remoção das espiras com brocas de alta rotação (implantoplastia). As figuras 1 a 6 ilustram o caso.

O caso em questão mostrou a estabilidade tecidual marginal nos implantes que receberam a implantoplastia e que vem se mantendo ao longo dos últimos cinco anos. Não é possível ter certeza, neste caso, se o tecido mole que se formou ao redor da parte alisada do implante é um tecido conjuntivo ou epitelial. Seria necessário uma biópsia para que isto fosse comprovado. Entretanto, a saúde peri-implantar mantida ao logo dos anos e a ausência de sinais clínicos de inflamação, bem como de perda óssea progressiva, ratificam que a peri-implantite não progrediu. As figuras 7 a 10 ilustram o acompanhamento longitudinal do caso.

Muito se tem discutido a respeito do tipo de cicatrização que ocorre após a realização de uma implantoplastia. Entretanto, sob o ponto de vista clínico, o que mais importa é a interrupção da progressão doença. O caso clínico demonstrado aqui confirma o que o nosso grupo de pesquisa vem publicando sistematicamente^1-4: a implantoplastia é uma excelente técnica para interromper a progressão da peri-implantite e manter os impantes saudáveis ao logo dos anos.