Como um alvéolo se remodela?

Um dos assuntos mais falados nas últimas décadas é a preservação alveolar pós-exodontia. Inúmeros são os artigos e apresentações que abordam diferentes caminhos para preservarmos um alvéolo após a extração de um dente condenado. Enxertos ósseos, membranas, regeneração óssea guiada, implantes imediatos e enxertos de tecidos moles são os tópicos dominantes quando o assunto é a preservação do alvéolo.

De uma maneira geral, a maioria de nós concorda que, se não fizermos absolutamente nada, após uma exodontia, o alvéolo em questão vai colapsar e resultar em um defeito de tecidos moles e duros, que pode complicar a colocação de um implante, para repor este dente que foi perdido. Sendo assim, podemos escolher vários caminhos para preservar um alvéolo pós extração, só não podemos é negligenciar e não fazer nada, deixando a cicatrização natural, resultar em um defeito.

Existe uma corrente de pesquisadores e clínicos que acredita fortemente que devemos tentar ao máximo colocar um implante imediato logo após a exodontia. Essa terapêutica iria preservar melhor o alvéolo, evitando o colapso dos tecidos. Mesmo que haja a necessidade de se realizar, concomitantemente com o implante imediato, enxertos de tecidos duros e moles, essa corrente de pesquisadores acredita que estes enxertos precisariam do implante para obterem um melhor resultado na preservação total do alvéolo, devolvendo o formato original de toda área (inclusive do dente) que vai ser recolocado.

Se esta corrente de pesquisadores estiver certa, algumas perguntas me vem a cabeça:
1) qual o tipo de implante que devemos usar nestas situações?
2) O design deste implante teria influência na preservação alveolar?
3) O tipo de plataforma deste implante pode influenciar na preservação alveolar?
Para melhor discutirmos estas questões eu trago para vocês um caso clínico realizado por mim e que tem me levantado mais perguntas do que respostas. As figuras 1 a 4 ilustram o caso.

Observar, na figura 1, que o implante foi colocado no septo e que os alvéolos das raízes do elemento dental extraído não foram preenchidos com nada.

O implante utilizado é um Hexágono Externo Collo da Implacil De Bortoli – São Paulo Brasil que ainda não está disponível para venda. Este implante possui uma constrição na sua parte final, em direção ao hexágono, que visa uma melhor acomodação dos tecidos duros e moles.

A avaliação do resultado deste tratamento após 2 anos, nos faz observar detalhes bastante interessantes. Incialmente, se observarmos na figura 1, poderemos constatar que o implante foi colocado em uma posição bastante infra-óssea, o que é contra-indicado para implantes de plataforma hexagonal. Surpreendentemente (ou não) as cristas ósseas dos dentes vizinhos se mantiveram estáveis e o osso ao redor do implante se remodelou de uma forma biselada, acompanhando a área de contrição (de superfície lisa) a qual denominamos Collo.

Outro aspecto interessante a ser observado é que, apesar de nenhum tipo de enxerto (nem ósseo e nem de tecidos moles) ter sido realizado, não houve colapso ósseo na área. O que ocorreu foi uma remodelação ordenada, muito provavelmente propiciada pela constrição do desenho do implante, que acomoda melhor os elementos do espaço biológico (epitélio juncional e adaptação conjuntiva).

Acredito firmemente que devemos preservar os alvéolos pós extração. Deixar o alvéolo cicatrizar ao seu “bel prazer” vai dificultar a reabilitação da área. Contudo, eu creio muito na hipótese de que a melhor maneira de ser preservar um alvéolo é já colocando um implante imediato na área. A presença do implante vai levar a área a ter uma configuração mais próxima da realidade natural que ali existia, quando da presença do dente natural com a sua raiz.

Também acredito que devemos buscar desenhos de implantes que se assemelhem mais aos desenhos das raízes dentárias naturais. Nossos dentes naturais têm contrições na região do colo, onde temos a nossa junção cemento-esmalte. E é justamente nesta área que temos a acomodação do epitélio juncional e da inserção conjuntiva, sem falar no epitélio do sulco. Tudo isso precisa ser “imitado” pelos nossos implantes, afim de que o osso marginal seja preservado com o implante em função.

O Senhor diz a vocês: “Há muito tempo, eu falei de coisas do futuro, disse claramente o que ia acontecer. De repente, agi, e tudo aconteceu como eu tinha dito. Eu sabia que vocês são teimosos, que são duros como o ferro ou o bronze. Por isso, falei dessas coisas há muito tempo; antes que elas acontecessem, eu as havia anunciado a vocês. Isaías 48:3-6

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