Dor pós-operatória

Um dos sintomas mais comuns que qualquer cirurgião enfrenta com seus pacientes é a dor pós-operatória. Na Implantodontia, a maioria dos casos não apresenta episódios de dores muitos intensas no pós-cirúrgico imediato, mas obviamente que há exceções. Contudo, a nossa rotina diária de atendimento nos faz perder um pouco a sensibilidade aos reclames dos pacientes no que diz respeito as dores depois dos procedimentos cirúrgicos que realizamos.

Na semana passada, eu relatei para vocês aqui neste espaço os episódios de dor pós-operatória que eu tive após uma cirurgia de vídeo na coluna, devido a minha falta de cuidados. Aproveitando esta deixa, comecei a analisar a razão de termos alguns pacientes que sentem muita dor e outros que não sentem absolutamente nada. Me voltei para mim mesmo e comecei a analisar as razões da minha dor após a cirurgia da coluna que fiz e estabeleci uma conexão com as nossas rotinas pós-operatórias na Implantodontia.

A minha dor pós-operatória ocorreu certamente pela minha falta de repouso pós-operatório, que potencializou os fenômenos inflamatórios de um processo de cicatrização. Como eu fui submetido a uma cirurgia por vídeo, os líquidos oriundos do processo inflamatório gerado pelo trauma não tiveram como ser drenados, o que ocorreria se houvesse um acesso cirúrgico tradicional. Assim, todo aquele exsudato, que alguns pacientes produzem mais e outros menos, ficou armazenado internamente, comprimindo as estruturas e, principalmente, as inervações. No caso, o meu nervo ciático.

Se voltarmos todas estas considerações para uma cirurgia de implantes, observaremos que os fenômenos são exatamente os mesmos, e que a maioria das dores ocorre por esta reação inflamatória exacerbada que acontece em alguns dos nossos casos. Esta exacerbação pode ser oriunda da falta de cuidados dos nossos pacientes, mas também pode ser o resultado particular de características individuais de cada paciente, em que alguns produzem mais líquidos inflamatórios, e outros não.

Alguns colegas devem estar pensando: “Poxa, professor, isso a gente aprende lá nas aulas básicas de Patologia. Todo mundo já sabe. Por isso prescrevemos corticoides e anti-inflamatórios para minimizar a inflamação”. Só que não! Infelizmente, a rotina diária nos faz “esquecer” de alguns detalhes básicos dos procedimentos cirúrgicos. E o principal deles é o fechamento exagerado de nossas feridas cirúrgicas, não permitindo um mínimo de comunicação do meio interno com o externo. Este sufocamento da área operada, com uma quantidade exagerada de pontos de sutura, pode ser o grande vilão dos nossos pós-operatórios.

Quantos de nós já não tivemos que abrir feridas operadas a fim de drenar e curetar a área para minimizar o edema e as dores? Quem não tem vivo na memória as sucessivas visitas daqueles pacientes com dores terríveis, que não tem nenhum aspecto inflamatório, não têm edema e nem rubor, mas quando finalmente decidimos abrir a ferida, encontramos, em porções mais profundas, uma quantidade represada de líquidos que, quando eliminados, fazem com que tudo volte a normalidade? Estes são aspectos locais das cirurgias, mas que dizem muito a respeito dos sintomas dolorosos que alguns pacientes apresentam.

Obviamente que existem uma série de outros fatores que podem desencadear dores pós-operatórias, como lesão de nervos, traumas em estruturas anatômicas importantes, dentre outros. Entretanto, o tratamento local da ferida cirúrgica pode ser a resposta para o alívio de muitas das dores dos nossos pacientes. Assim, vale a pena atentar para a ferida, tanto no trans, como no pós-operatório, evitando compressões e fechamentos exacerbados, que vão provocar sérios desconfortos aos nossos pacientes, além de aumentar o risco de insucessos.

FELIZ PÁSCOA! ELE VIVE!

“Os onze discípulos foram para a Galileia e chegaram ao monte que Jesus tinha indicado. E, quando viram Jesus ressuscitado, o adoraram; mas alguns tiveram suas dúvidas. Então Jesus chegou perto deles e disse: — Deus me deu todo o poder no céu e na terra. Portanto, vão a todos os povos do mundo e façam com que sejam meus seguidores, batizando esses seguidores em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a obedecer a tudo o que tenho ordenado a vocês. E lembrem disto: eu estou com vocês todos os dias, até o fim dos tempos.” (Mateus 28:16-20)

Translate »