Exame CTX na prevenção da osteonecrose

osteonecrose
Exame pode evitar as consequências de uma osteonecrose. (Imagem: Shutterstock)
Marco Bianchini destaca o marcador bioquímico do metabolismo ósseo, considerado uma ótima ferramenta para avaliar o risco de osteonecrose.

A osteonecrose dos maxilares é definida como uma lesão de osso exposto ao meio bucal, em região de maxila ou mandíbula, com duração de oito ou mais semanas, em pacientes que fazem uso prévio de bifosfonatos1-3. Esta exposição indesejada do tecido ósseo ocorre pela incapacidade de reparar e remodelar quadros inflamatórios desencadeados por diversos fatores, como exodontias, implantes dentários, cirurgias periodontais, irritações por próteses e infecções dentais e periodontais4.

O risco de ocorrência da osteonecrose varia devido a diversos fatores, como tipo de bifosfonato utilizado, via de administração e tempo de tratamento. Parece haver um consenso na literatura de que esses medicamentos, quando administrados por via intravenosa e tomados para tratamentos de doenças crônicas, são mais agressivos e apresentam maior chance de ocasionar uma osteonecrose4.

Leia também: Implantes inclinados: uma ajuda na osseointegração? 

De maneira geral, pacientes que utilizam a via endovenosa apresentam uma prevalência entre 1% e 10%, enquanto os que empregam a via oral apresentam prevalência entre 0,00007% e 0,04%. Desta forma, parece não haver dúvidas de que pacientes usuários de bifosfonatos por via endovenosa correm mais risco de desenvolver a osteonecrose dos maxilares do que pacientes que utilizam a via oral5-6.

O grande problema de realizar tratamentos odontológicos mais invasivos em pacientes que tenham algum risco de desenvolver osteonecrose é a obtenção de algum método ou exame que avalie com fidelidade quanto de risco o paciente realmente tem para desenvolvê-la. Sabe-se que os bifosfonatos permanecem em atividade por até dois anos após a parada do uso contínuo desta medicação7. Assim, mesmo que o paciente pare de usar esta droga, ela ainda pode oferecer riscos de osteonecrose, embora mais reduzidos.

Leia também: Plataforma switching em implantes hexágono externo

Uma ótima ferramenta para avaliar os riscos e servir como um guia para a escolha do melhor momento em abordar um paciente que tenha usado os bifosfonatos é a solicitação de um exame de sangue conhecido como CTX (interligadores C do colágeno tipo 1 ou telopeptídeo c-terminal sérico)1-2,7. Este exame parece oferecer uma segurança maior aos clínicos, a fim de evitar as consequências de uma osteonecrose, que são bastante desagradáveis para o profissional e para o paciente.

O CTX é um marcador bioquímico do metabolismo ósseo do tipo marcador de reabsorção óssea, que utiliza métodos imunológicos baseados em anticorpos específicos que reagem com interligadores C-terminais de colágeno, encontrados na porção terminal de moléculas de colágeno2-3,7. O teste do CTX avalia a eliminação de fragmentos específicos produzidos pelo metabolismo do colágeno tipo I e pode ser utilizado para avaliar o risco do desenvolvimento de osteonecrose induzida por bifosfonatos6.

Leia também: Mudanças no desenho dos implantes podem acelerar a osseointegração?

Se o exame identificar números abaixo de 100 pg/ml, o paciente é considerado de alto risco para desenvolver a osteonecrose. De 100 pg/ml a 150 pg/ml é considerado de risco moderado, e de 150 pg/ml a 299 pg/ml é considerado de risco mínimo. Por fim, se apresentar números maiores do que 300 pg/ml, o paciente é considerado sem risco algum2-3,6-7.

Embora a utilização do exame sanguíneo CTX pareça ser de grande valia na identificação do risco a se desenvolver uma osteonecrose, esta metodologia ainda não é consenso na literatura em pacientes que fazem o uso dos bifosfonatos, exigindo maiores e melhores estudos que comprovem a sua eficácia7. Sendo assim, caberá ao clínico avaliar todos os elementos que envolvem o atendimento de pacientes que fazem uso destes medicamentos e, junto com o profissional médico, encontrar o melhor momento para atendimento deste tipo de paciente.

Referências

  1. Kalra S, Jain V. Dental complications and management of patients on bisphosphonate therapy: a review article. J Oral Biol Craniofac Res 2013;3(1):25-30.
  2. Flichy-Fernández AJ, González-Lemonnier S, Balaguer-Martínez J, Peñarrocha-Oltra D, Peñarrocha-Diago MA, Bagán-Sebastián JV. Bone necrosis around dental implants: a patient treated with oral bisphosphonates, drug holiday and no risk according to serum ctx. J Clin Exp Dent 2012;4(1):e82-5.
  3. Dotto ML, Dotto AC. Osteonecrose dos maxilares induzida por bifosfonatos: revisão de literatura e relato de caso. RFO 2011;16(2):229-33.
  4. Mariotti A. Bisphosphonates and osteonecrosis of the jaws. J Dent Educ 2008;72(8):919-29.
  5. Brozoski MA, Traina AA, Deboni MCZ, Marques MM, Naclério-Homem MG. Osteonecrose maxilar associada ao uso de bifosfonatos. Rev Bras Reumatol 2012;52(2):260-70.
  6. Radominski SC et al. Diretrizes brasileiras para o diagnóstico e tratamento da osteoporose em mulheres na pós-menopausa. Rev Bras Reumatol 2017;57(suppl.2):452-66.
  7. Fleisher KE, Welch G, Kottal S, Craig RG, Saxena D, Glickman RS. Predicting risk of bisphosphonate-related osteonecrosis of the jaws: CTX versus radiographic markers. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 2010;110(4):509-16.

Que ninguém engane a si mesmo! Se algum de vocês pensa que é sábio neste mundo, faça-se louco para se tornar sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus. Pois está escrito: “Ele apanha os sábios na própria astúcia deles.” (1 Coríntios 3:18,19)

Translate »