A primeira vez que tive contato com o Retrieval, da Nobel, foi durante um curso do Prof. Julio Cesar Joly e equipe, em 2008. Delegaram-me a instalação de um implante na região do dente 22, para que depois fosse realizado um enxerto gengival e, com isso, reabilitado o paciente.
O problema é que menosprezei a situação do ato cirúrgico e o implante travou por excesso de torque faltando ainda 4 mm a 5 mm para finalizar. Foi uma situação muito desagradável porque, para retirar esse implante e instalar outro, existia somente a trefina na época, o que produzia, consequentemente, um grande defeito ósseo.
Nesse momento, Prof. Paulo percebeu minha situação, retirou um envelope do bolso com um Retrieval e me explicou como usar. Contou que estavam testando esse produto da Nobel e que ele iria remover o tal implante. Duvidei, mas utilizei o dispositivo. O implante saiu, instalei outro e finalizei o caso.
A partir daí, sempre tenho um Retrieval para situações que envolvam a retirada de implantes por peri-implantite, posição 3D sem resolução protética, implantes muito próximos um do outro e outras situações inerentes da clínica diária.
Nova utilização para o Retrieval
Alguns anos se passaram e os casos envolvendo implantes e próteses foram sendo executados. Como todo procedimento odontológico exige manutenção e controle periódico, foram aparecendo alguns casos em que se constatavam parafusos protéticos espanados ou fraturados. Como resolvê-los sem precisar trocar toda a prótese ou substituir o implante?
Em algumas situações, parafuso espanado pode ser o resultado da utilização de chave hexagonal/estrela fora do longo eixo do conjunto implante/prótese ou quando uma chave já foi muito utilizada e gasta. Em um desses momentos, me deparei com um parafuso espanado de uma prótese múltipla em porcelana sobre quatro implantes. O que fazer? Cortar a peça e refazê-la? E o custo disso tudo?
Nesse instante me veio a imagem do Retrieval na cabeça e pensei em utilizá-lo para a remoção desse parafuso. O dispositivo não se encaixava perfeitamente e girava em falso.
Utilizei então uma broca transmetal fina para acomodar o Retrieval, travando-o no parafuso espanado. Com um torquímetro em anti-horário, fiz um movimento muito simples para a direita, percebi o parafuso espanado ser retirado e, assim, a prótese não precisaria ser substituída.
A dica é sempre ter um Retrieval novo, com a ponta intacta, para um travamento efetivo e remoção do parafuso. A força de remoção é muito pequena, se comparada com a de um implante. Pode-se observar que sai com facilidade, com menos de 10 Ncm de contra-torque.
Espero ter contribuído para em algum momento tornar seu dia clínico mais leve e prazeroso, como é e deve ser na Odontologia.
Ricardo Ciantelli
Especialista, mestre e doutor em Implantodontia – Unicamp.
Instagram: @Ricardociantelli | E-mail: ricardokciantelli@gmail.com