O “travamento” dos implantes é realmente importante?

Desde que eu iniciei na implantodontia, e aí já se vão 30 anos, que o travamento (nome simplificado para o torque de inserção final) sempre teve uma grande importância nas nossas cirurgias de colocação de implantes. Idealmente, buscávamos sempre um osso tipo II (semi-corticalizado) e um implante com espiras e macrogeometria agressivas, a fim de que o mesmo “travasse” com o maio número de N (Niltons) possível. Como nos primórdios da implantodontia, a maioria dos casos eram de protocolo inferior, quando um implante travava com 100 N, tinha até happy hour para comemorar no final do dia.

A medida que os anos foram se passando e a implantodontia foi abrindo o seu leque de indicações, os pesquisadores e clínicos foram observando que a variedade de tipos de osso que encontrávamos no dia-a-dia era bem diferente da região anterior da mandíbula, onde realizávamos os nossos protocolos. Desta forma, fomos avançando para realizar implantes em regiões de osso muito esponjoso, como na maxila ou até mesmo na posterior de mandíbula. Nestas situações, era praticamente impossível de se travar o implante, mesmo com torque baixo e assim os insucessos começaram a aparecer.

Para minimizar estes problemas de colocação de implantes em osso esponjoso, foram sendo realizadas pesquisas que davam ênfase a sub-fresagem e a modificação do tratamento de superfície, a fim de que este fosse mais efetivo quando tivéssemos um osso dito “pobre”, ou seja muito esponjoso, tipo IV. A tendência destas pesquisas era confirmar que poderia haver uma boa osseointegração,  mesmo em um osso, dito “pobre”, se a superfície fosse mais atrativa aos osteoblastos e uma sub-fresagem fosse realizada.

Muitos tipos de implantes, com superfícies diferenciadas foram colocados no mercado pelas empresas e eles realmente mostravam uma excelente osseointegração para o osso mais esponjoso. Contudo, ainda se podia melhorar e os pesquisadores continuaram trabalhando, descobrindo que a macroestrutura, ou o design das espiras e do corpo do implante, também influenciavam na osseointegração em osso tipo IV. Além disso, mudanças nas configurações e formatos das brocas também foram sendo estudados, e os princípios da osseodensificação foram muito bem estabelecidos.

Visando ilustrar esta nossa discussão, as figuras 1 a 4 demonstram um caso clínico onde foi colocado um implante com um design diferente e que proporcionou uma excelente osseointegração, sem que tenha ocorrido um travamento alto e em um osso mais esponjoso. Na verdade, no dia da cirurgia de colocação do implante, não houve nenhum travamento e o implante apenas ficou estável no local.

O implante utilizado neste caso possuía um design diferenciado, com a presença de câmaras de cicatrização entre as espiras, o que proporcionou uma melhor adesão do osso esponjoso no implante. A figura 4 explica o desenho deste implante.

Como qualquer área da odontologia, a implantodontia vem sofrendo modificações nos seus conceitos mais clássicos. A pesquisa e o desenvolvimento de produtos feitos pelas empresas, sempre assessoradas por pesquisadores sérios, entrega ao clínico produtos que facilitem o seu dia-a-dia. Os implantes Maestro Cone Morse com câmaras de cicatrização da Implacil De Bortoli, são mais um exemplo destes resultados.

Todos, ricos e pobres, procuram ganhar dinheiro desonestamente. Até os profetas e os sacerdotes enganam as pessoas. Eles tratam dos ferimentos do meu povo como se fossem uma coisa sem importância. E dizem: “Vai tudo bem”, quando na verdade tudo vai mal. (Jeremias 6: 13,14)

Translate »