Por que é importante entender a classificação das doenças periodontais e peri-implantares?

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(Imagem: Envato)
Marco Bianchini traz um histórico sobre a classificação das doenças periodontais e peri-implantares, e mostra como a última atualização repara falhas.

Os sistemas de classificação periodontal e peri-implantar servem para ordenar as doenças e condições que acometem os tecidos periodontais e peri-implantares. O objetivo é facilitar o diagnóstico, o prognóstico, a elaboração e a execução do plano de tratamento, assim como guiar a investigação dos pesquisadores sobre a etiologia, a patogênese, a história natural e o tratamento dessas doenças. Além disso, a classificação das doenças e condições periodontais e peri-implantares padroniza e simplifica a comunicação entre os estudantes, pesquisadores e clínicos.

Até a década de 1980, a literatura classificava a doença periodontal como uma condição única. Entretanto, o reconhecimento das várias formas de manifestação da doença fez com que fosse necessária a criação de uma padronização da classificação para um melhor diagnóstico diferencial. Assim, em 1989, a Academia Americana de Periodontia (AAP) desenvolveu uma classificação contendo cinco formas primárias da patologia:

– Periodontite do adulto.

– Periodontite de estabelecimento precoce.

– Periodontite associada a doenças sistêmicas.

– Periodontite ulcerativa necrosante.

– Periodontite refratária.

Com o decorrer dos anos, foi possível observar que esta classificação de 1989 possuía muitas fragilidades, como a ênfase na idade de início e nas taxas de progressão, e a falta de inclusão das doenças gengivais. Assim, em 1999, a Academia Americana de Periodontia revisou a classificação até então vigente e elaborou uma nova, mais detalhada, com novos tópicos e diversas subdivisões, para melhor classificar as diferentes formas de manifestação das doenças gengivais e periodontais, definindo-as em:

– Doenças gengivais.

– Periodontia crônica.

– Periodontite agressiva.

– Periodontite associada a doenças sistêmicas.

– Doenças periodontais necrosantes.

– Abscessos do periodonto.

– Periodontite associada a lesões endodônticas.

– Deformidades e condições de desenvolvimento ou adquiridas.

Da mesma forma que os sistemas de classificação anteriores foram substituídos por outros mais atualizados, em novembro de 2017, no Workshop Mundial para a Classificação das Doenças e Condições Periodontais e Peri-Implantares, a AAP (Academia Americana de Periodontia) e a Federação Europeia de Periodontia (European Federation of Periodontology – EFP) apresentaram um novo modelo para o entendimento atual das doenças e condições periodontais e peri-implantares. A atual classificação divide as doenças e condições periodontais e peri-implantares em dois grandes grupos:

1) Doenças e condições gengivais e periodontais:

– Saúde periodontal e saúde gengival.

– Gengivite induzida por biofilme.

– Doenças gengivais não induzidas por biofilme.

– Doenças periodontais necrosantes.

– Periodontite propriamente dita.

– Periodontite como manifestação de doenças sistêmicas.

– Abscessos periodontais e lesões endoperiodontais.

– Condições e deformidades mucogengivais.

– Forças oclusais traumáticas.

– Fatores relacionados ao dente e próteses.

 

2) Doenças e condições peri-implantares:

– Saúde peri-implantar.

– Mucosite peri-implantar.

– Peri-implantite.

– Deficiências nos tecidos peri-implantares moles e duros.

É óbvio que dentro destes dois grandes grupos da nova classificação das doenças periodontais e peri-implantares existem muitos detalhes que precisam ser bem entendidos e que não temos espaço para comentá-los aqui nesta coluna. Vale lembrar ainda que as antigas subcategorias da periodontite foram agrupadas em uma única classificação denominada periodontite (periodontite propriamente dita) e esta foi classificada de acordo com seu estágio (nível de perda óssea) e grau (velocidade de progressão).

Esta nova classificação teve como objetivo a reparação de falhas presentes nos sistemas anteriores, bem como incluir as descobertas realizadas ao longo dos anos desde a última atualização. A implementação de uma nova classificação das periodontites de acordo com seu estágio de progressão e grau de severidade parece trazer enormes benefícios ao clínico. Entretanto, acredito que o principal benefício desta classificação de 2017 tenha sido a nova abordagem a respeito da saúde gengival, saúde periodontal e saúde peri-implantar. Entender que um periodonto reduzido também pode obter saúde é fundamental para o tratamento destas doenças.

Sendo assim, embora em um primeiro momento os clínicos sintam uma certa dificuldade de adaptação com a nova terminologia, esta nova classificação parece facilitar bastante o entendimento das doenças periodontais e peri-implantares, facilitando o diagnóstico e o plano de tratamento das mesmas. Cabe a nós, cirurgiões-dentistas, nos dedicarmos a entender e memorizar esta nova classificação, a fim de universalizar rapidamente os termos que norteiam o conhecimento destas doenças.

Referências

  1. Caton JG, Armitage G, Berglundh T, Chapple ILC, Jepsen S, Kornman KS et al. A new classification scheme for periodontal and peri-implant diseases and conditions – introduction and key changes from the 1999 classification. J Clin Periodontol 2018;45(suppl.20):1-8.
  2. Moreira TC. Classificação das doenças periodontais 1999 versus 2017. Maringá: Universidade Cesumar, 2020.
  3. Papapanou PN, Sanz M, Buduneli N, Dietrich T, Feres M, Fine DH et al. Periodontitis: consensus report of workgroup 2 of the 2017 World Workshop on the Classification of Periodontal and Peri-Implant Diseases and Conditions. J Clin Periodontol 2018;45(suppl.20):162-70.

“Pois é a respeito desse Jesus que se diz: ‘A pedra que vocês, os construtores, rejeitaram se tornou a pedra angular’. Não há salvação em nenhum outro! Não há nenhum outro nome debaixo do céu, em toda a humanidade, por meio do qual devamos ser salvos”. (Atos 4:11,12)

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