Prezados colegas e amigos, na última terça-feira, dia 29 de novembro de 2022, tive a felicidade de ser aprovado como professor titular do Departamento de Odontologia (ODT) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Embora esta coluna aborde mais situações clínicas de nosso dia a dia como cirurgiões-dentistas, eu peço licença a todos os leitores desta coluna para, excepcionalmente, externar aqui a minha alegria, por ter galgado tão importante mérito dentro da carreira universitária e compartilhar com vocês um pouco desta minha história.
Para ser aprovado como titular, um professor precisa atingir uma pontuação mínima, que envolve as suas atividades de ensino, pesquisa, administração e extensão universitária. Atingidos os pontos, o professor deverá escrever um memorial descritivo de toda a sua vida acadêmica e submetê-lo a uma banca de avaliação. Foi exatamente isto que eu fiz na última terça-feira.
Para abrilhantar ainda mais este meu momento, eu tive a felicidade de ser avaliado por uma banca extremamente competente, que foi composta pelos professores Sérgio Fernando Torres de Freitas (Presidente da banca e professor do Departamento de Saúde Pública da UFSC), Élcio Marcantonio Júnior (Professor Titular de Periodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual Paulista de Araraquara – UNESP), Ricardo Guimarães Fisher (Professor Titular de Periodontia da Universidade estadual do Rio de Janeiro – UERJ) e Márcio Zaffalon Casati (Professor Titular de Periodontia da Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas– UNICAMP). A figura 1 ilustra a banca examinadora.
A minha história dentro da UFSC começou ainda na graduação. Em dezembro de 1985, eu fui aprovado no vestibular da UFSC para a turma que ingressaria logo em março de 1986. Lembro-me bem do dia da matrícula, quando olhei as disciplinas escritas naquele papel verde do DAE (Departamento de Administração Escolar). Dentre outras disciplinas, estava lá escrito: “Materiais Dentários I”, o que me fez ver que eu iria estudar coisas relativas à minha futura profissão. O meu sonho profissional estava realizado e eu iria me tornar um dentista. Nada de estudar mais física e nem matemática. Memorizo até hoje o meu número de matrícula: 8615529-6.
Em 1994, já formado, eu iniciei meu estágio como professor na disciplina de Periodontia. Nesse ano, em função de uma provável reforma da Previdência Social no Brasil, muitos professores pediram aposentadoria no nosso departamento de Odontologia. Dessa forma, em 1995, eu já ingressei como professor substituto na disciplina de Periodontia. No ano seguinte, em 1996, prestei concurso e fui aprovado como professor auxiliar I da disciplina de Periodontia do departamento de Estomatologia (antigo nome do atual departamento de Odontologia) da UFSC.
A partir da minha contratação como professor efetivo auxiliar I em 1996, eu me envolvi completamente, juntamente com o professor Ricardo de Souza Magini, com a reestruturação da disciplina de Periodontia, o que gerou muitos frutos. Entre eles, estão a criação do novo curso de especialização em Periodontia (Lato Sensu), a criação do curso de especialização em Implantodontia (Lato Sensu), a criação da área de concentração de Implantodontia na pós-graduação Stricto Senso de Odontologia, e a criação do Cepid (Centro de Ensino e Pesquisa em Implantes Dentários).
O Cepid, sem dúvida nenhuma, tornou-se a minha segunda casa. Sempre que abro a porta para adentrar nas suas dependências, sinto um misto de orgulho e de ansiedade, para fazê-lo crescer ainda mais, apesar das amarras burocráticas que temos de enfrentar diuturnamente. Passei por todas as etapas da vida do Cepid. Fui um dos seus fundadores (nos bastidores), fui aluno das suas primeiras turmas de pós-graduação e, hoje, sou professor efetivo da pós-graduação em Odontologia, na área de concentração em Implantodontia. Não me vejo trabalhando em outro local dentro da UFSC. O Cepid é a minha impressão digital e está no meu DNA acadêmico. Algo que vi nascer e que luto para que cresça cada vez mais. O que no início não tinha nem placa própria de identificação, hoje aparece forte, nas maiores placas de identificação do CCS. A figura 2 mostra a identificação do CEPID nos corredores da UFSC.
Dentro de toda a minha história de professor da UFSC, tenho muitas pessoas a agradecer. No entanto, vou resumir o meu agradecimento ao professor Ricardo de Souza Magini que foi, no início em 1996, e ainda é até os dias de hoje, o meu eterno chefe na disciplina de Periodontia. Magini, meu “brother”, muito obrigado por teres aberto para mim TODAS as portas do ensino pesquisa e extensão dentro da UFSC. Tu jamais me bloqueaste em qualquer atividade. Muito pelo contrário, colocaste-me em todos os teus projetos, quando sabias que eu jamais poderia crescer sozinho, sem o teu apoio.
A confecção deste memorial serviu como um espaço de reflexão sobre as minhas práticas a partir dos conhecimentos adquiridos nos meus primeiros bancos escolares, ainda criança, passando pelos ensinos fundamental e médio, até as experiências de docente, que culminaram na produção dos conhecimentos necessários à minha profissão. Analisando a minha história de vida particular, profissional e acadêmica ao longo desses meus 27 anos de magistério superior, pude observar que, hoje, realizo o meu trabalho com mais maturidade e sabedoria. Porém, muitas dúvidas ainda pairam no ar a respeito do que poderá ser feito daqui para frente.
Dentro deste contexto de novos planos para o futuro, pretendo continuar minha caminhada na área de concentração de Implantodontia na pós-graduação Stricto Sensu de Odontologia. Sem querer desmerecer qualquer outra área de ensino, a pós-graduação é o local com que eu mais me identifico atualmente, e é onde eu acredito que poderei contribuir com mais afinco, obtendo melhores resultados. Acredito que o fato de juntar o meu espírito empreendedor com a minha capacidade técnica em pesquisas clínicas, vai contribuir bastante na formação de melhores mestres e doutores.
Encerro minhas perspectivas futuras reafirmando o compromisso em manter as minhas horas de ensino na graduação, pois esses estudantes que todos os anos adentram em nosso campus são os que mais precisam de direcionamentos por parte dos professores mais experientes. Acredito que poderei contribuir com os graduandos, relatando-lhes os meus sucessos e fracassos, acalmando o jovem coração desses meninos e meninas. Tenho plena certeza de que terei sucesso nessa minha nova fase de professor da graduação, pelo simples fato de que ainda me lembro bem do que sentia quando ali estava sentado nos mesmos bancos em que hoje estão os meus alunos.
“Ensina-me, Senhor, o teu caminho, e andarei na tua verdade; põe em meu coração o desejo de temer o teu nome.” (Salmos 86:11)
Marco Bianchini
Professor associado IV do departamento de Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); autor dos livros “O Passo a Passo Cirúrgico na Implantodontia” e “Diagnóstico e Tratamento das Alterações Peri-Implantares”.
Contato: bian07@yahoo.com.br | Facebook: bianchiniodontologia | Instagram: @bianchini_odontologia