O preparo inicial na Periodontia e Implantodontia

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(Imagem: Envato Elements)
Marco Bianchini conta que o preparo inicial dos pacientes pode ser um divisor de águas entre o sucesso e o fracasso, seja na Periodontia ou na Implantodontia.

A preparação inicial dos pacientes é o passo mais crucial em todo o plano de tratamento periodontal (Periodontia) ou que envolva também a colocação de implantes dentários (Implantodontia). O valor mais significativo desse procedimento é que ele dá ao clínico a oportunidade de avaliar e monitorar a resposta do paciente à terapia simples e reversível, antes de se comprometer com um tratamento mais definitivo. Muitos profissionais confundem a terapia inicial como apenas um rígido controle de placa, o que não é verdade, pois o preparo inicial dos pacientes que irão se submeter a tratamentos mais invasivos envolve muito mais do que a eliminação do biofilme.

A terapia inicial não cirúrgica constitui-se em um aspecto crítico do tratamento odontológico como um todo e, mais especificamente, quando o tratamento envolve aspectos periodontais e a colocação de implantes. Pesquisas clínicas indicam que o sucesso do tratamento odontológico (principalmente o periodontal) depende muito mais da manutenção dos resultados obtidos nesta primeira fase do que de algum procedimento cirúrgico mais invasivo. Esta etapa inicial oportuniza a avaliação da resposta tecidual e do comportamento do paciente frente aos cuidados periodontais, facilitando o planejamento posterior do tratamento definitivo.

O preparo inicial é conceituado como o conjunto de intervenções que visam restabelecer o equilíbrio da saúde periodontal e que envolvem a Periodontia, a Implantodontia e praticamente todas as especialidades da Odontologia. Estas atividades clínicas e de diagnóstico estão diretamente relacionadas com o dia a dia do clínico geral. Através de uma sequência lógica de procedimentos, o cirurgião-dentista irá desorganizar a placa bacteriana ou biofilme, eliminar bolsas periodontais, remover restaurações deficientes, realizar a extração de dentes condenados e alinhar dentes inclinados, entre outras vantagens. Estes atos específicos irão proporcionar a homeostasia (equilíbrio) do periodonto, promovendo a saúde bucal e assegurando o sucesso do tratamento definitivo ao qual o paciente será submetido.

Os tratamentos restauradores realizados durante a terapia inicial podem englobar as mais diversas áreas da Odontologia, de acordo com as necessidades que cada paciente possa apresentar. Podemos ter necessidades de práticas que envolvam Endodontia, Ortodontia, Dentística, Prótese, Oclusão e mais. Todo e qualquer tratamento definitivo restaurador que possa ser executado sem prejuízo ao tratamento definitivo (e que poderá ser realizado no futuro, dependendo da reavaliação) deve ser realizado. Estes tratamentos irão estabilizar a saúde oral do paciente, ajudando no equilíbrio das respostas do periodonto às futuras intervenções às quais o paciente poderá ser submetido.

Obviamente, além de todas as intervenções que abordamos antes, o preparo inicial dos pacientes envolve a instrumentação supra e subgengival seguida de um controle rígido de biofilme. Este controle da placa baseia-se em medidas de higiene bucal pessoal realizadas pelo paciente e na remoção de fatores retentivos de placa e cálculo, por parte do profissional. Desta forma, o preparo inicial acaba sendo uma abordagem não cirúrgica da gengivite e da periodontite envolvendo um equilíbrio de técnicas que diminuem o risco de progressão destas doenças, melhorando o prognóstico final do tratamento definitivo ao qual o paciente irá se submeter.

Apesar de ser um assunto relativamente simples, o preparo inicial dos pacientes para receber tratamentos mais intensos pode ser um divisor de águas entre o sucesso e o fracasso de nossas terapias, seja na Periodontia ou na Implantodontia. O imediatismo com que o mundo atual vive força os cirurgiões-dentistas, principalmente os implantodontistas, a terem que resolver os casos em poucas seções. Assim, levados por essa pressa insana, muitos profissionais pulam etapas, não preparando adequadamente os seus pacientes para que estes sejam submetidos a tratamentos mais invasivos. O resultado disso é o fracasso e a desmotivação, tanto de profissionais quanto de pacientes.

Não é de hoje que a “adequação” faz parte da nossa rotina de atendimentos, seja qual for a nossa área específica de atuação. É impossível reabilitar um paciente sem que ele esteja devidamente “adequado” para receber o tratamento reabilitador. Podemos chamar esta adequação de preparo inicial do paciente, o que irá torná-lo apto a receber um tratamento definitivo mais invasivo. O resultado disso será o sucesso e a satisfação de profissionais e pacientes.

“De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento. Ora, o que planta e o que rega são um, e cada um receberá a sua recompensa de acordo com o seu próprio trabalho. Porque nós somos cooperadores de Deus, e vocês são lavoura de Deus e edifício de Deus.” (1 Coríntios 3:7-9)

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