Terapia laser no tratamento da peri-implantite

O uso da laserterapia no tratamento da peri-implantite parece ser um pouco mais interessante do que o seu uso para o tratamento da mucosite. Isto ocorre porque o tratamento da peri-implantite, na grande maioria dos casos, é cirúrgico e temos o descolamento de um retalho para o acesso direto as “roscas” ou espiras do implante que foram contaminadas. Assim, a visualização da área e o acesso para a aplicação do laser é facilitado^1-4.

O uso do laser no tratamento da peri-implantite é eficiente na descontaminação do corpo do implante, sem causar alterações na sua superfície e nem causar um super aquecimento, que poderia levar a danos aos tecidos moles e duros que sustentam o implante. Entretanto, quando comparado com outras técnicas, as pesquisas não conseguem comprovar uma real superioridade da laserterapia sobre outras terapias de descontaminação⁴.

Apesar do número crescente de investigações^1-4 usando lasers para descontaminação da superfície dos implantes, acometidos por peri-implantite, ainda existe uma heterogeneidade significativa e controvérsia nas pesquisas, principalmente na escolha do melhor tipo de laser a ser utilizado ou ainda na melhor potência a ser administrada durante o tratamento. A maioria dos estudos avaliou os lasers tipo Er: YAG, CO2 e lasers de diodo. Torna-se necessário que mais pesquisas, envolvendo diversos tipos de aparelhos e com os mais variados protocolos sejam executados. A técnica cirúrgica básica da laserterapia é a mesma técnica que utilizamos nas outras modalidades de tratamento cirúrgico da peri-implantite, acrescentando-se a aplicação do laser, após a abertura do retalho e descontaminação mecânica. Vale lembrar que, para uma boa ação do laser, necessitamos do descolamento de um retalho de espessura total, circundando todo o implante comprometido. Após isto, temos que remover mecanicamente todo o biofilme, cálculo (se existir) e todo o tecido de granulação infectado. 

Uma vez que a descontaminação mecâncica já foi realizada, podemos promover ainda uma descontaminação química da superfície do implante (roscas) que foram expostas à ação dos microrganismos, através do uso dos mais variados agentes químicos. Tudo isto será feito antes de aplicarmos o laser. Desta forma, o uso do laser propriamente dito, só vai ser efetivo, se conseguirmos expor adequadamente o corpo do implante que foi atacado pela doença peri-implantar. As figuras 1 e 2 ilustram o momento ideal para se fazer a aplicação do laser.

Embora os resultados das pesquisas ainda sejam inconclusivos, é inegável que a laserterapia vem se tornando uma interessante opção para o tratamento da peri-implantite. Algumas evidências na literatura³ demonstram o restabelecimento de BIC (Bone implant contact), que seria a reosseointegração, após o tratamento de superfície com o laser Er, CR: YSGG associado a técnicas regenerativas. Desta forma, diante do desafio de se tratar a peri-implantite, o laser deve ser considerado como mais uma opção de tratamento, principalmente quando está associado e/ou combinado com as demais terapias cirúrgicas.