Uma das situações clínicas que mais desafiam os implantodontistas é quando temos espaços edêntulos com dentes adjascentes inclinados, que dificultam a colocação dos nossos implantes e, principalmente, complicam a confecção das próteses. Na maioria das vezes, estas situações podem e devem ser corrigidas com a Ortodontia. Contudo, a pressa que nos domina – e domina também os pacientes – acaba nos levando a buscar alternativas que acelerem o tempo total de tratamento. Observe a figura 1 que ilustra uma destas situações.
Dentes inclinados também criam áreas de retenção de placa e necessitam de correções que melhorem a relação raíz-alvéolo destes elementos. Se não for possível realizar a correção ortodôntica da inclinação, seria importante remover a área de retenção por meio de odontoplastia. Desta forma, a odontoplastia, nada mais é do que a modificação da interface alvéolo restauração (IAR) em dentes inclinados. Esta modificação se dá através de um desgaste da estrutura dental, na sua porção mais próxima ao osso alveolar, sem tocar neste osso, utilizando-se pontas diamantadas em alta rotação.
Este assunto da modificação da IAR foi abordado na última coluna publicada aqui neste espaço. Para quem ainda não leu essa coluna, vale a pena dar uma olhada lá.
O que ocorre é que a maioria dos implantodontistas se preocupa muito com o espaço mésio-distal entre as raízes de dentes vizinhos a área de colocação do implante e esquece da parte coronal. E é justamente na parte coronal dos implantes que os principais problemas de peri-implantite podem ocorrer. Observe as figuras 2 e 3.
Situações extremas, como as descritas nas figuras 2 e 3, podem nos levar a insucessos que, depois de realizados, serão de difícil resolução. A modificação excessiva de dentes vizinhos a espaços edêntulos, que serão preenchidos por implantes, pode acarretar endodontias e coroas em dentes que estavam hígidos. Observe a figura 4 que demonstra a conclusão final do caso descrito na figura 1.
A presença de dentes inclinados vizinhos a áreas edêntulas, que serão reabilitadas por implantes, é uma rotina cada vez mais frequente em nossos consultórios. A modificação da interface alvéolo restauração (IAR) pode resolver estes casos, viabilizando a reabilitação protética, uma vez que disponibilizamos atualmente de uma gama bastante variada de pilares. Contudo, a opção de correção ortodôntica destes elementos inclinados deve ser a primeira opção, uma vez que transformará um caso difícil em uma caso de fácil resolução.
É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus. E eles se admiravam ainda mais, dizendo entre si: Quem poderá, pois, salvar-se? Jesus, porém, olhando para eles, disse: Para os homens é impossível, mas não para Deus, porque para Deus todas as coisas são possíveis (Marcos 10: 25- 27)
Marco Bianchini
Professor titular das disciplinas de Periodontia e Implantodontia do Departamento de Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); autor dos livros “O Passo a Passo Cirúrgico na Implantodontia” e “Diagnóstico e Tratamento das Alterações Peri-Implantares”.
Contato: bian07@yahoo.com.br | Facebook: bianchiniodontologia | Instagram: @bianchini_odontologia