Plataforma switching em implantes hexágono externo

plataforma switching
Marco Bianchini aprofunda o entendimento sobre plataforma switching, que ajuda a manter níveis da crista óssea estáveis e mínima perda óssea.

Há muitos anos que os tratamentos protéticos sobre implantes osseointegrados utilizam uma espécie de plataforma protética reduzida, conceituada como plataforma switching1. Neste tipo de plataforma, o componente protético a ser aplicado apresenta diâmetro menor quando comparado ao diâmetro da plataforma do implante, de modo a formar entre eles uma espécie de “degrau”.

A diminuição do diâmetro do componente protético faz com que a sua junção com a plataforma do implante se direcione para a porção mais central do implante, favorecendo o processo de distribuição de forças. Desse modo, há um deslocamento da interface entre o componente protético e o implante no sentido horizontal, distanciando o pilar do osso marginal. A consequência deste deslocamento da interface é uma melhor acomodação das estruturas histológicas que compõe o espaço biológico (adaptação conjuntiva e epitélio juncional), conferindo um melhor selamento biológico na área de transição do implante para o pilar protético.

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A perda óssea, denominada saucerização, é um processo que ocorre em implantes osseointegrados, principalmente os de plataforma hexagonal externa e que não dependem necessariamente da condição geral do paciente. Perdas ósseas mínimas (entre 1 mm e 2 mm) são consideradas relativamente normais em implantes de plataforma hexagonal externa. Contudo, estudos realizados através de avaliações radiográficas constataram que o emprego da plataforma switching mantém os níveis da crista óssea estáveis com uma perda de osso mínima nesta área do hexágono2.

Muitos autores consideram os implantes conhecidos como cone-morse como sendo implantes de plataforma switching, pois o verdadeiro conceito cone-morse, descrito na Engenharia, é muito difícil de ser obtido na Implantodontia. Na verdade, os implantes cone-morse também procuram aumentar a área de transição entre o implante e o pilar através de uma diminuição da largura dos componentes protéticos. As vantagens são exatamente as mesmas: proporcionar uma melhor área para a acomodação dos componentes do espaço biológico e evitar perdas ósseas precoces. As Figuras 1 a 4 ilustram o conceito de plataforma switching.

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Sabemos que a região peri-implantar de tecido mole é constituída pelo epitélio e pelo tecido conjuntivo, correspondendo a uma área biológica de aproximadamente 4 mm. Essa cobertura de tecido mole e a localização da junção implante/pilar têm sido destacadas como fatores principais na remodelação óssea que circunda o implante. O osso, geralmente, é cercado por 1 mm de tecido conjuntivo sadio e supõe-se que a remodelação óssea decorrente do implante ocorra para estabelecer um selamento biológico. Além disso, cerca de 3 mm de mucosa peri-implantar são necessários para uma vedação eficaz em torno do implante, a fim de se evitar perdas ósseas1-3.

A instalação do pilar protético com menor diâmetro do que o implante, proporcionada pela plataforma switching, limita e reduz a reabsorção da crista óssea, pois faz com que a concentração do infiltrado inflamatório fique mais distante da crista óssea. Esse fator controla a manutenção do espaço biológico, auxiliando significativamente a manutenção da saúde dos tecidos moles e duros que circundam o implante dentário. Desta maneira, também beneficiam a estabilidade dos casos ao longo dos anos.

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A busca incessante das empresas de implantes por tratamentos de superfícies e macrogeometrias de implantes vem nos oferecendo osseointegrações mais rápidas e duradouras. Entretanto, a zona de transição do implante para o pilar protético não pode ser jamais esquecida, pois trata-se do “calcanhar de Aquiles” da estabilidade marginal dos tecidos duros e moles que circundam os implantes. De nada adianta termos um implante perfeitamente integrado se a sua conexão protética favorece a saucerização ou uma peri-implantite.

Assim, oferecer a possibilidade para o clínico optar pela plataforma de implante que mais lhe agrade, seja cone-morse, hexágono externo ou hexágono interno, mantendo a possibilidade do uso de uma conexão protética switching e sem modificar a macrogeometria do corpo do implante, é um direcionamento que todas as empresas de implantes deveriam ter.

Referências

  1. Rocha CS, Luna ASM, Ferreira JLG, Aranega AM, Garcia Júnior IR, de Araújo JMS. Plataforma switching: considerações atuais. Rev Odontol Univ Cid São Paulo 2015;27(1):43-8.
  2. Linkevicius T, Apse P, Grybauskas S, Puisys A. Influence of thin mucosal tissues on crestal bone stability around implants with platform switching: a 1-year pilot study. J Oral Maxillofac Surg 2010;68(9):2272-7.
  3. Fickl S, Zuhr O, Stein JM, Hurzeler MB. Peri-implant bone level around implants with platform-switched abutments. Int J Oral Maxillofac Implants 2010;25(3):577-81.

Disse Jesus: “Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, mas a vontade daquele que me enviou. E a vontade de quem me enviou é esta: que eu não perca nenhum daqueles que ele me deu; pelo contrário, que eu os ressuscite no último dia. De fato, a vontade de meu Pai é que todo aquele que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.” (João 6:38-40)

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